quarta-feira, 10 de abril de 2013

Benefício primário e secundário da doença

Benefício da doença designa de um modo geral qualquer satisfação directa ou indirecta que um individuo retira da sua doença.
benefício primário é o que entra em consideração na própria motivação de uma neurose: satisfação encontrada no sintoma, fuga para a doença, modificação vantajosa das relações com o meio.
benefício secundário poderia distinguir-se do precedente do seguinte modo:
– pela sua aparição posterior, como vantagem suplementar ou utilização pelo indivíduo  de uma doença já constituída;
– pelo seu carácter extrínseco em relação ao determinismo inicial da doença e ao sentido dos sintomas;
– pelo faco de se tratar de satisfações narcísicas ou ligadas à auto-conservação, em vez de satisfações directamente libidinais.
O “benefício primário” está ligado ao próprio determinismo dos sintomas.
Podemos distinguir duas partes:
– A “parte interna do benefício primário” consiste na redução de tensão proporcionada pelo sintoma; este, por doloroso que seja, tem por fim evitar ao indivíduo conflitos às vezes mais penosos: é o chamado mecanismo de “fuga para a doença”.
– A “parte externa do benefício primário” estaria ligada às modificações introduzidas pelo sintoma nas relações interpessoais do indivíduo.
Assim, uma mulher oprimida pelo marido pode obter, graças à neurose, mais ternura e atenção, vingando-se ao mesmo tempo dos maus tratos sofridos. Mas se Freud designa este último aspecto de benefício pelos termos “externo ou acidental”, é exactamente porque a fronteira que o separa do benefício secundário é difícil de traçar.
Para descrever este, Freud refere-se ao caso da neurose traumática, e mesmo ao de uma invalidez física resultante de um acidente. O benefício secundário materializa-se aqui pela pensão paga ao inválido, poderoso motivo que se opõe a uma readaptação: “ Ao contrário da sua enfermidade, começaríamos por lhe retirar os seus meios de subsistência, uma vez que, ele não seria capaz de retomar o seu antigo trabalho”.
Vocabulário da Psicanálise – J. Laplanche & J.B. Pontalis


psicologia clínica

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