segunda-feira, 16 de dezembro de 2013

Reality Kick




psicologia clínica

Os textos que eu não escrevi # 4

O Mal do Século

Tem-se afirmado, repetidamente, que a depressão é o mal do século. No entanto, acredito que valha a pena questionar a afirmação. Não é que se possa negar o grande contingente dos ditos deprimidos, que vai desde a baixa de humor, a apatia, o desânimo e o pessimismo, até os conteúdos nostálgicos e tristes, que emprestam colorido acinzentado à vida. Nem tampouco pode-se ocultar o fato do aumento de prevalência da doença depressiva em suas multifacetadas apresentações. É verdade que a depressão tem sido responsável por muitos estragos em muitas vidas e bolsos ? que o confirmem os receituários recheados de Prozac ou as farmácias naturais que preparam as fórmulas dos famigerados Florais de Bach. Para não falar das depressões mascaradas, constantes presenças nas salas de espera dos médicos de todas as especialidades, e responsáveis por tantos tratamentos e exames desnecessários e até cirurgias inúteis.

Além disso, a depressão é parceira certa nas mesas dos bares de cada esquina ou clube da terceira idade, onde pseudo soluções propõem um inacessível e constante bem viver, ou nas noites insones dos freqüentadores das salas de bate papo virtual. É inevitável que o pessimismo e a frustração não sejam respostas aos desafios incessantes do progresso, às necessidades permanentes do mercado, à competição profissional e social desenfreadas. A sensação de incapacidade, incompetência para estar sempre em dia, e a percepção da impotência em consegui-lo, tornam-se a cada dia mais insuportáveis. Em função disso, paralisados, muitos são incapazes de reagir.

Mas, talvez, um outro tipo de mal merecesse, quem sabe, a nossa reflexão! Um mal que sorrateiramente se insinua e dissemina no seio das sociedades. Quase imperceptível, sublinear e camuflado. Sim, camuflado, pois quando se fala em perversão, atribui-se-lhe logo o conceito de maldade ou aberração. Mas apesar do mesmo adjetivo ser usado para designar o mau (perverso) e aquele portador de estrutura psíquica perversa (perverso), a perversão enquanto estrutura psíquica não pode ser confundida com a crueldade ou a anormalidade.
Nos séculos passados, a psiquiatria considerava que “neuróticos eram os indivíduos que sofriam”, psicóticos “os que sofriam e faziam os outros sofrerem”, e psicopatas “os que não sofriam mas, impunham sofrimento aos outros” Os tênues limites entre os que cometem atos de crueldade e, os ditos normais, acabaram por determinar a alteração da nomenclatura e da etiologia, originando-se assim a denominação de sociopatas para marcar o desempenho dos fatores sociais.

A Psiquiatria Forense descreveu, com riqueza de detalhes, os vários tipos de perversão, dando-lhes nomes complicados e curiosos. Kraft-Ebing escreveu um tratado clássico, em dois volumes, sobre o tema. Mas foi o Marquês de Sade quem relacionou de forma inequívoca, a prática das perversões às sensações de prazer e à excitação sexual. De modo despudorado e constrangedor, o Marquês que termina os dias na prisão, escrevendo com sangue suas memórias, pois o papel lhe foi negado, incita e desafia todo ser humano a provar que, nas condições mais inesperadas, é possível ocorrerem aos mais probos e puros, os sentimentos mais abjetos, as emoções mais torpes e bizarras.

São essas mesmas emoções contraditórias e absurdas, surgidas às vezes da experiência do sofrimento físico e dor presumíveis, que traduzem, inexplicavelmente, um prazer quase total que intriga a lógica e confunde a razão. Freud, ratificando Sade, declarou em Três ensaios sobre a sexualidade infantil, que: “a neurose é o negativo da perversão”, querendo com isso asseverar que os conflitos neuróticos calcaram-se nos mesmos íntimos impulsos que se liberaram, incondicionalmente, e sem controle, buscaram a realização como atos perversos.

O que de mais incrível ocorre, é que os mesmos impulsos inconscientes que determinam desejos tresloucados e, por vezes, cruéis, habitam o psiquismo, até dos mais aparentemente normais. A Psicanálise contribuiu decisivamente para a compreensão dos fenômenos perversos ao relacioná-los com a sexualidade. Os complicados avatares da sexualidade humana, no cumprimento do seu trajeto desde os primórdios da fase oral, passando pelas atribulações da fase anal, quando o ser humano vai, pela primeira vez, defrontar-se com a negação e a repressão, irá, se tudo correr bem, culminar, finalmente, na primazia genital.

Essa primazia não exclui, porém, a permanência de traços perversos, resquícios eternos no psiquismo humano, da evolução da sexualidade. Sua presença evidencia-se nas preliminares dos atos amorosos introduzida por contatos dos lábios nos beijos, carícias em diversas partes do corpo, todas elas límpidas representantes das etapas prévias da sexualidade genital, aceitas como normais. Não sem motivo, Freud referiu-se às crianças que, até então, eram, e por vezes, até hoje, ainda são consideradas símbolos de pureza, como “polimorfos perversos”.

As descobertas freudianas foram tão rejeitadas, no seu tempo por escandalizarem o mundo, ao mostrar o ser humano em toda a sua nudez. A loucura, evidenciou Freud está muito mais próxima da normalidade do que se poderia supor. Aliás, muito antes de Freud, Kaplan já teria assinalado que “a diferença entre o psicótico e o normal, é que ‘o psicótico faz o tempo inteiro’, o que o normal só faz de vez em quando”. Bem, assim, só se poderia falar de perversão sexual, quando o orgasmo só fosse alcançado mediante a realização de um ato, dito perverso, como por exemplo, a substituição do ato sexual por uma carícia prévia ou o uso de fetiche para obter orgasmo.

O homem, até então, dono e senhor dos seus atos e pensamentos viu-se, de repente, assujeitado ao sabor da vontade e incoerências do inconsciente, refém de forças desconhecidas e desconexas, que não obedecem ao tempo nem à lógica, não conhecem limites nem contradições. Seria assim a perversão algo tão estranho ao ser humano? Seria justo atribuir a causas externas algumas das mais condenáveis atitudes dos seres humanos?

É na própria Psicanálise que encontraremos, ainda, mais respostas a perguntas como essas, quando mais tarde, Jacques Lacan retoma o estudo da perversão sob a ótica do desejo e da castração. Lacan revê a questão, considerando a atitude da criança, perturbada pela idéia da castração e a impossibilidade de admiti-la. Desse modo, a criança trata de desmenti-la e, para tal, desmente a castração materna, ocultando-a com uma espécie de véu. O objeto do desejo do perverso é, então, um fetiche, algo que recobre o desejo, mas, ao mesmo tempo, deixa perceber, com a tentativa de obturá-lo, a impossibilidade de recobri-lo.

Uma das maiores características do perverso, contudo, como destaca Joel Dör, é a sua necessidade de transgressão. Sua relação com a lei é sempre de transgressão. Ele precisa transgredi-la, para comprovar que ela existe. Mas para tal, precisa desvalorizá-la, desmerecê-la, e a primeira lei que transgride é a lei do pai.

A criança ao nascer estabelece uma relação diádica com a mãe, considerando-se parte dela, algo que a completa, assim, a mãe é inteira, e ela (criança), seu falo. Por isso, o bebê considera que a mãe não é castrada e nem tampouco ele o é. Nessa relação em que os dois se completam, vai haver a interferência de um terceiro – o pai – que rompe a relação, interpondo a lei entre o filho e a mãe. Ao sentir que o olhar da mãe se volta para o pai, é que o bebê vai perceber que a mãe não é completa e que ele não a completa. Essa é a primeira noção de falta e de castração, introduzida pelo pai que também introduz a lei, interdita o incesto, mas abre caminho para o desejo, pois permite ao filho dirigir-se a outras mulheres nas quais buscará o objeto de desejo.

Essa figura paterna empalidecida na sociedade atual, falha em exercer sua função, favorecendo a transgressão da lei, ou melhor, permitindo que o sujeito se insurja a obediência às leis. A excessiva permissividade patriarcal se incumbe de favorecer, com a cumplicidade, às vezes omissa, o resto da oportunidade de transgressão. Sua maneira transgressora de ser, é a marca da relação social do perverso. Suas transgressões, além de constantes, demandam ainda um terceiro que as confirme e referende. Esse olhar de um outro sobre a transgressão, proporciona ao perverso uma satisfação especial e única.

Mas o mundo tem assistido através dos séculos várias condutas bizarras e malvadas, que só se explicariam do ponto de vista da consciência e da razão, pelo prazer perverso do sadismo ou pela vingança mórbida. Assim, viram os romanos, as atrocidades brutais e a desregrada atuação da sexualidade de Calígula, como vivenciamos, nós brasileiros, muitos séculos depois, as barbáries da escravidão, do mesmo modo que testemunharam atônitos os romanos, a sua Roma querida arder, enquanto Nero se comprazia com o espetáculo da dança das labaredas e os gritos desesperados da população, do mesmo modo, mais tarde, os infelizes iraquianos sofreram e testemunharam as torturas e mutilações de Sadam Hussein. Para não falar da cumplicidade da Igreja no holocausto, como da sua participação ativa nos tristes episódios da Inquisição na Idade Média.

O novo homem do século XXI que transpôs o espaço sideral e rompeu a barreira do som, comunica-se, em segundos, com o mundo inteiro via Internet ou telefones celulares, enviando mensagens e imagens como lhe aprouver, interage nas tvs a cabo e acompanha guerras, ao vivo, com imagens de alta precisão. Dispõe de veículos possantes e armas fantásticas. Consegue por meio de drogas, orgasmos duradouros e estados de excitação crescente. Vive uma sexualidade desreprimida e solta, cuja permissividade e promiscuidade lhe permitem quase todos os possíveis prazeres e emoções das mais esdrúxulas.

Casas noturnas para sexo grupal são anunciadas escancaradamente e as trocas de casais encaradas com naturalidade. As relações sexuais são realizadas alternadamente, ou até concomitantemente, com parceiros de sexos diferentes, alegando-se o direito inequívoco do gozo da bissexualidade, que nada mais é, que a tentativa de não submeter-se à lei da sexuação, ou seja, não ter de optar por nenhum dos sexos e valer-se do uso dos dois.

O que seria interditado a esse homem? O que lhe falta? Que precisa procurar, ainda, para ser feliz e completo? É o desmentido da sua condição de ser faltante e incompleto que obstrui a possibilidade do desejo enquanto determinante da condição humana, razão de ser do sujeito, mola propulsora que o mantém singular na comunidade dos humanos. Esse ser que não se indaga mais, não tem por que lutar, não precisa desejar e não se frustra nunca, é um arremedo de sujeito. E porque não sofre, não tem como buscar solução. Porque não conhece a falta, não tem porque questionar o desejo. Não precisa de buscar sua individualidade porque a massificação é suficiente.

O homem moderno sente-se dono e senhor do mundo e desafia as leis. É assim nos atos terroristas da Palestina ou nos ataques alegados, como vingança, de Israel. Os atentados de 11 de setembro ou as guerras do Afeganistão ou do Iraque, desrespeitando as leis do Conselho da ONU e os apelos de todo o mundo contra a batalha, ou mais perto de nós, os traficantes que metralham escolas e ruas, hotéis e até palácios de governo após avisos por telefone dos atos que iriam perpetrar. Ou ainda, as atitudes dos corruptos que indiferentes às leis, quando se trata de dinheiro público, manipulam-no a seu bel prazer em proveito próprio. Ou, então, as escusas ações que visam fraudar provas ou documentos para ingressar em faculdades, disputar vagas para empregos, e nomeações de parentes e amigos para ocupar cargos bem remunerados do governo.

O Brasil de hoje é o paraíso da perversão que descontrolado e sem rumo, arrasta a nação para um caos social inimaginável. Crianças e adolescentes envolvem-se em brigas violentas e, às vezes até, se tornam homicidas. Alunos ameaçam e matam diretores e professores. Jovens de classe média alta queimam vivos mendigos e índios para se divertir em tediosa noitada de fim de semana. Ao mesmo tempo, no resto do mundo, jovens armados invadem escolas para assassinar colegas. Metralham-se pessoas desconhecidas em supermercados e restaurantes e chega-se ao extremo de adaptar um automóvel para permitir atirar de dentro dele, sem ser visto, com a finalidade de matar a esmo com esconderijo garantido. É o inconsciente sem peias e sem pudores (o que não tem governo nem nunca terá) numa liberação geral.

A perversão é essa terra de ninguém, espaço controverso, fronteira da psicose e limite da estrutura neurótica. Estreita passagem que marca em cada ser humano, seus traços na fantasia, seus rasgos na criação. A perversão é uma “père version”, disse Lacan certa vez, versão que introduz algo novo, o fetiche que privilegia, o olhar que configura o desmentido e que incita à transgressão. Versão que vem de verso, do que está por trás e não é visto, mas é, como se pudesse sê-lo, porque suposto. Que é também verso-frase-poema, criação, e como tal, possibilidade de transgressão licença poética.

O poeta é um eterno transgressor por ser capaz de ver aquém e além, de escandir palavras, desmentindo-as no que têem de mais fixo, a forma. Perverter é Ver para TER? No momento em que, a versão patriarcal não mais se sustenta, porém, a perversão surge como via de saída, mas ao mesmo tempo, encurrala o homem em sua própria angústia. A angústia de se saber dono e senhor absoluto do nada que pretende alcançar e controlar, mas que lhe escapa, impreterivelmente, sem lhe deixar a sensação de novas possibilidades.


Marli Piva Monteiro


Psicoterapia

terça-feira, 26 de novembro de 2013

Como ser completamente miserável!


Há muito tempo que não lia um artigo, versão, senso comum, tão perspicaz, com tanta ironia e ainda por cima, faz-nos rir.


How to be succed at self-sabotage

Most of us claim we want to be happy—to have meaningful lives, enjoy ourselves, experience fulfillment, and share love and friendship with other people and maybe other species, like dogs, cats, birds, and whatnot. Strangely enough, however, some people act as if they just want to be miserable, and they succeed remarkably at inviting misery into their lives, even though they get little apparent benefit from it, since being miserable doesn’t help them find lovers and friends, get better jobs, make more money, or go on more interesting vacations. Why do they do this?


Psicoterapia

SUPERHEROES



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Psicoterapia

O drama da intergeracionalidade


“A sua mãe ama-o com uma ternura até aí desconhecida. A princípio tem dificuldades em voltar a deitá-lo depois de o alimentar, especialmente porque, nessas alturas, ele se põe a chorar tão desesperadamente. MAS ELA ESTÁ CONVENCIDA DE TER QUE O FAZER PORQUE A SUA MÃE LHE DISSE (E ELA DEVE MESMO SABÊ-LO) que o filho seria mimado e daria problemas mais tarde se ela fosse condescendente agora… Ela hesita. O seu coração sente-se atraído pelo filho, mas ela resiste e continua afastar-se. Ainda agora mudou-lhe as fraldas e deu-lhe de comer. Por isso tem a certeza de que, na realidade, NADA lhe falta; e deixa-o a chorar até se cansar”

Jean Liedloff

The Continnum Concept

psicologia clínica

sábado, 9 de novembro de 2013

Psicanálise e Doença Psicossomática na Era Hipermoderna


Pablo Casso

O mundo contemporâneo trouxe ao profissional psicanalista uma gama de sintomas que inquietam o inconsciente do ser humano. Na proposta de um entendimento do comportamento social e das doenças atuais, torna-se essencial conhecer a “hipermodernidade”, termo usado para representar o mundo contemporâneo.

De acordo com Gilles Lipovetsky (1), entramos em uma época em que o fenômeno grupal se caracteriza pela flexibilidade e velocidade de informações. Assim, onde muitos enxergam manipulação e conformismo, pode-se encontrar satisfação, e um jogo de estetização que desenvolve o comportamento consumista do indivíduo.

Na Era Hipermoderna está evidente que o ser humano vive na estética corporal, nas fantasias individuais. Este comportamento contemporâneo, baseado na obtenção de prazeres e desejos é uma das maneiras de identificar as carências do homem hipermoderno, que possui uma mente desequilibrada pelos conflitos de um sistema em constante transformação, o que influencia sua saúde mental e corporal.(2)

Os vínculos da Era Hipermoderna são mais frágeis e efêmeros, pois tudo se baseia no breve prazer, na vontade de saciar os desejos internos. (3) O indivíduo contemporâneo, privado de tempo, da duração exigida pelos sentimentos, poderia experimentar outra coisa além de sensações? (4)



Psicoterapia

terça-feira, 5 de novembro de 2013

Silêncio, a arte de conversar



     arte do chá

        ainda ontem
     convidei um amigo
         para ficar em silêncio
     comigo


        ele veio
     meio a esmo
         praticamente não disse  nada
     e ficou por isso mesmo



      Paulo Leminski

     (Poema publicado em Distraídos venceremos, em 1987)


Psicoterapia

sábado, 2 de novembro de 2013

Transbordo













"Eu poderia chorar de coisas assim:
Corre um rio de minha boca, corre um rio de minhas mãos.
Dos meus olhos corre um rio.
Na verdade sofro de excessos, que me dão certo vocabulário
Como derramar, escorrer, atravessar.
Tenho a impressão de que tudo vaza em sobras.
Tenho dificuldade em caber.
Pra caber mais, derramo por nada, derramo sem motivo.
Vou acalmar meu excesso pensei (...)
Palavras são estacas fincadas ao chão.
Pedras onde piso nessa imensa correnteza que atravesso."


Viviane Mose

quinta-feira, 31 de outubro de 2013

Padrão Relacional das Escolhas Afectivas


Em relação à compulsão à repetição, Freud referiu que se trata de uma forma de não pensarmos, de não recordarmos as experiências dolorosas.
Muitas das “escolhas afectivas” que fazemos permitem repetir as nossas relações traumáticas sem termos que lidar os seus aspectos traumáticos. Na repetição há uma negação dos aspectos negativos.
Não deve, portanto, considerar-se uma coincidência, a “escolha” de parceiros diferentes para “relações idênticas”.
Logo, os aspectos negativos da relação anterior reaparecem nas novas relações.
Normalmente, esta compulsão à repetição não é consciente e, portanto, é necessário que seja explorada num cenário psicoterapêutico. Se assim não for, ao invés de compreender o fenómeno, repete-se a necessidade de escapar ao contacto com a experiência dolorosa.
Somente a elaboração da experiência passada permite, verdadeiramente, alterar o padrão relacional.

domingo, 20 de outubro de 2013

Id, Ego e Superego - 2ª Tópica para principiantes




psicologia clínica

Psicoterapia - O sintoma como trampolim para o devaneio

Thomas Ogden descreve a psicoterapia e / ou a psicanálise como uma oportunidade para o devaneio. Ele cita R.M. Rilke, 1904

“I hold this to be the highest task of two people; that each should stand guard over the solitude of the other.”

Ogden recorda-nos que não só temos partes sexuais do corpo que são privadas, como também temos processos mentais privados, que podem ser compartilhados, ou não, como assim entendermos. A concepção da psicoterapia como promotora do devaneio e da presença de um mundo interno privado, contrasta com uma das regras fundamentais de Freud de que devemos instruir os nossos pacientes a dizerem-nos o que está na sua mente.

Pelo contrário, refere Ogden, nós temos que ajudar os nossos pacientes a expandir os seus devaneios e, em seguida, escolher o que desejam compartilhar connosco. Ogden vê essa regra de Freud como contra-terapêutica, pois o nosso objectivo como terapeutas é incentivar e orientar em vez de ditar o que deve ser feito. Pacientes deprimidos, ansiosos, obsessivos e histéricos não conseguem ter devaneios, porque os sintomas sequestraram o seu cérebro de tal forma que eles estão restringidos no que "escolher" para poder ser pensado.

Aqui, a escolha da palavra implica uma escolha inconsciente, onde, por razões misteriosas, o cérebro do paciente está em shut-down e, como tal, estão limitados na capacidade de aceder ao seu próprio cérebro. É como se tivessem uma casa muito grande, mas todos os quartos estão fechados, e o paciente tem medo de encontrar a chave, pois ele teme o que vai encontrar, de modo que circunscreve-se a um pequeno quarto, onde sabe o lugar de tudo.

Para Ogden, que ao conseguirem a chave os pacientes vêem a exploração da casa, do cérebro, como um devaneio, como uma fonte de mais pensamento, ao invés de um lugar que temem, seja tão doloroso que possam ficar presos na dor. A ironia aqui é que os pacientes estão presos, mas temem avançar, pois podem ficar presos de uma forma diferente e a mudança é assustadora.

O conceito de devaneio está associado a um espaço de interesse, de curiosidade e de livre flutuação de ideias, em vez de dor e sofrimento. Ser curioso é pensar, enquanto sentir a dor é o estreitamento, é ser autocentrado. Orientar os pacientes para a curiosidade, longe do seu foco no sintoma, é o coração da psicoterapia. Outros tipos de psicoterapia trabalham ao contrário, concentram-se nos sintomas e desencorajam a curiosidade. Pode dizer-se que eles se complementam e os pacientes podem beneficiar de ambos. Ogden refere, que seria tentado a concordar, mas o alívio a longo prazo vem do pensar sobre o pensar e de desafiar os nossos pacientes a questionar o que os sintomas significam para eles, de forma a usar o sintoma como um trampolim para devaneio.

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Psicoterapia

sexta-feira, 18 de outubro de 2013

Modernices

Não tenho em boa conta os Experts em crianças. Eles que me desculpem, não se trata de nada pessoal, mas os estragos que têm produzido são consideráveis e proporcionais às “teorias” que desenvolvem. A forma como surgem, se disseminam e se fixam certas crenças culturais de como cuidar das crianças, quase sem questionamento, também é uma questão interessante.

A parentalidade é uma das tarefas mais difíceis e intensas que é colocada ao ser humano, não só pelas exigências, principalmente, emocionais, mas também porque remexe com as nossas próprias experiências de termos sido cuidados pelos nossos pais.

Entre as formas de lidar com medos, inseguranças e até algum desespero, inerentes à parentalidade, está o aferrar a certas crenças colhidas aqui e acolá. Naturalmente, os pais fazem aquilo que consideram ser melhor para os filhos, e fazem-no na convicção de que está “correcto”. Gostam dos filhos e procuram dar-lhes o melhor que podem e sabem.

O instinto natural de cuidar quando bloqueado pelas dúvidas abre espaço para a crença e não faltará quem, com a maior das generosidades, venha dizer como se faz. Então, a mãe, a verdadeira especialista, deixa uma via aberta para a crença e a expertise de que alguns se fazem donos.

Como refere Darcia Narvaez, em “Modern parenting may hinder braindevelopment, research shows”, certas práticas tornaram-se comuns na nossa cultura. Entre as mais habituais estão o fechar as crianças nos quartos e o retardar a resposta a um bebé agitado, inquieto que reclama por cuidados, para que não fique estragado com mimos.

A amamentação, a resposta pronta ao choro, o contacto corporal constante são, segundo Narvaez, práticas parentais ancestrais que, como se conclui das investigações, contribuem para o desenvolvimento cerebral, para a formação da personalidade e a saúde em geral, mas que fruto de “práticas modernas” foram esquecidas, caíram em desuso e como corolário disso surgiu uma epidemia de doenças mentais nas crianças: distúrbio hiperactivo com défice de atenção, depressão, ansiedade, etc.

As crianças são diferentes umas das outras, e o que funciona para uma pode não ser o melhor para outra. O “segredo” está na capacidade de a cada momento procurar compreender o que a criança nos quer dizer com um choro, com uma birra ou com ataque de fúria. Pais e filhos criam o seu próprio dialeto e é nessa aprendizagem sem dicionário que se inscreve, com rasuras e erros de interpretação, o texto, que lido e relido e tantas vezes reescrito, que vulgarmente chamamos vida.



psicologia clínica

quinta-feira, 3 de outubro de 2013

Como escolher um Psicólogo

O artigo do J. Shedler Some Advice on Choosing a Therapist faz-me recordar algo que se passou comigo. Certo dia um amigo procurou-me porque após o falecimento de um familiar entrou em grande sofrimento, que acabou por despertar outros problemas. Estava decidido a procurar um psicólogo mas era um mundo estranho para ele, e de facto, para todos aqueles que não convivem de perto com estas questões. Nessa altura tentei responder às inquietações que o atormentavam em relação às psicoterapias mas também em relação ao que ele estava a sentir. Ainda que superficiais, as minhas considerações sobre o processo terapêutico foram apreendidas, como acabei por verificar mais tarde.

Fiquei, então, de lhe dar um contacto que entretanto se prolongou demais.

Um dia, após ter consultado um psicólogo liga-me um pouco assustado; a experiência que tinha tido nessa manhã em nada correspondia com o que eu lhe descrevera. Somente abordei aspectos genéricos, pois cada terapia é única, na medida em que também o somos. E, foi exactamente aí, no mais crítico dos aspectos que ele tomou consciência que algo estava errado. Quando o psicólogo lhe fez uma descrição de como a terapia iria decorrer, teve ainda a gentileza de acrescentar algum terror: sofrimento garantido, ao qual, após iniciar a terapia não poderia fugir. Alguns psicoterapeutas têm uma forma bastante perversa de agarrar os pacientes – "você está em fuga". Qual é o paciente que se arrisca a pôr em causa um expert?

Consta que depois de iniciar a sua terapia com outro terapeuta a vida do meu amigo seguiu em frente, e eu fico sempre contente quando isso acontece.


Psicoterapia

quinta-feira, 26 de setembro de 2013

A Raiva escapou para as redes sociais



Todos sabemos, procuramos esconder mas ela escapa pelas frinchas e, ainda bem. A Raiva. As emoções positivas mantêm-se em alta, e são no essencial o discurso da auto-ajuda. Não questiono as boas intenções que podem estar por trás da auto-ajuda e do apelo às emoções positivas e à pregação do bem, mas o resultado não pode ser bom. Porquê? Porque os sentimentos negativos fazem parte de nós, constituem-nos.

A psicanálise, naturalmente, mal-amada, foi em parte responsável por dar a conhecer ao mundo as profundezas do ser humano. Um dos maiores contributos da psicanálise foi o seu maior pecado, desvelar-nos. Mas talvez o maior de todos, tenha sido o de “autorizar-nos” a sentir tudo o que há de malévolo: raiva, inveja, ciúme.

Para evitar riscos de explosão devido à repressão dos sentimentos negativos, a mente arranja válvulas de escape e, parece que as redes sociais estão a desempenhar bem esse papel.

Então a psicanálise abriu a porta do jardim zoológico e entrámos num vale tudo?! Há uma diferença entre agir os sentimentos hostis e senti-los, reconhece-los em nós, sem muita da culpa que normalmente se faz presente. Se eu puder reconhecer as coisas em mim posso senti-las e transformá-las, ao invés de as colocar no mundo externo e agir sobre ele, como acontece em muitos tiroteios.

Nós não somos anjos. Tudo bem. Não estamos no Céu.



Psicoterapia

terça-feira, 24 de setembro de 2013

Nostalgia

A ideia de que a nostalgia é um sentimento negativo é generalizada e a estreita relação entre nostalgia e depressão não é de hoje: “O deprimido é aquele que vive do/no passado”.

A nostalgia foi originalmente descrita como uma "doença neurológica de causa essencialmente demoníaca" pelo médico Suíço Johannes Hoffer em 1688. A nostalgia foi considerada uma doença desde o século XVII devido aos sintomas encontrados em soldados pelos médicos militares: desejo de regressar a casa, acompanhado de dor. Nostalgia: Nostos – desejo de voltar para casa; Algos – a dor que o acompanha.

No século XIX e XX a nostalgia continuou a ser considerada uma patologia, sendo exemplo disso a “psicose emigrante” ou certas formas de “melancolia”.

Quando o Dr. Sedikides, TimWildschut e outros colegas de Southampton começaram a suas investigações sobre a nostalgia descobriram que se tratava de um sentimento praticamente universal, encontrado inclusive em crianças a partir dos 7 anos. Os temas em volta dos quais a nostalgia se desenvolve eram muito semelhantes: reminiscências sobre amigos e familiares, casamentos, músicas, pôr-do-sol. Em síntese, acontecimentos em que o protagonista está rodeado de figuras importantes em momentos significativos. A maioria dos sujeitos relata que esses pensamentos surgiam quando algo de mau acontecia ou quando se sentiam sozinhos e que essas memórias contribuíam para que se sentissem melhor.

A nostalgia demonstrou neutralizar a solidão, o tédio e a ansiedade, tornando as pessoas mais generosas e tolerantes com estranhos. Mas, não-há-bela-sem-senão. A nostalgia tem o seu lado doloroso, é um sentimento agridoce, pois nem todas as memórias são felizes. Mas, no geral, como referem os pesquisadores de Southampton, os elementos positivos superam muito os elementos negativos e o efeito final traduz-se numa vida com maior significado.

Segundo o Dr. Routledge "A nostalgia tem uma função existencial crucial", ela traz à mente as experiências queridas que nos asseguram que somos pessoas de valor e que temos vidas significativas”.

As memórias, principalmente as boas, mas também as más, são o nosso maior património. Por que não começar a dar-lhes mais uso?!


psicologia clínica

segunda-feira, 2 de setembro de 2013

Ruído de Passos


Tinha oitenta e um anos de idade. Chamava-se dona Cândida Raposo.

Essa senhora tinha a vertigem de viver. A vertigem se acentuava quando ia passar dias numa fazenda: a altitude, o verde das árvores, a chuva, tudo isso a piorava.

Quando ouvia Liszt se arrepiava toda. Fora linda na juventude. E tinha vertigem quando cheirava profundamente uma rosa.

Pois foi com dona Cândida Raposo que o desejo de prazer não passava.

Teve enfim a grande coragem de ir a um ginecologista. E perguntou-lhe envergonhada, de cabeça baixa:

— Quando é que passa?
— Passa o quê, minha senhora?
— A coisa.
— Que coisa?
— A coisa, repetiu. O desejo de prazer, disse enfim.
— Minha senhora, lamento lhe dizer que não passa nunca.
Olhou-o espantada.
— Mas eu tenho oitenta e um anos de idade!
— Não importa, minha senhora. É até morrer.
— Mas isso é o inferno!
— É a vida, senhora Raposo.

A vida era isso, então? essa falta de vergonha?

— E o que é que eu faço? ninguém me quer mais… O médico olhou-a com piedade.
— Não há remédio, minha senhora.
— E se eu pagasse?
— Não ia adiantar de nada. A senhora tem que se lembrar que tem oitenta e um anos de idade.
— E… e se eu me arranjasse sozinha? o senhor entende o que eu quero dizer?
— É, disse o médico. Pode ser um remédio.

Então saiu do consultório. A filha esperava-a em baixo, de carro. Um filho Cândida Raposo perdera na guerra, era um pracinha. Tinha essa intolerável dor no coração: a de sobreviver a um ser adorado.

Nessa mesma noite deu um jeito e solitária satisfez-se. Mudos fogos de artifícios. Depois chorou. Tinha vergonha. Daí em diante usaria o mesmo processo.

Sempre triste. É a vida, senhora Raposo, é a vida. Até a bênção da morte.
A morte.

Pareceu-lhe ouvir ruído de passos. Os passos de seu marido Antenor Raposo.


Clarice Lispector. A via crucis do corpo. Rio de Janeiro: Rocco, 1998


psicologia clínica

terça-feira, 27 de agosto de 2013

Os textos que eu não escrevi # 3


Quando começamos a perder quem amamos, só elefantes cor-de-rosa fazem sentido

Em que momento uma flor de lótus começa a nascer dentro de quem amamos? De nós? Desde sempre, talvez seja a resposta mais correta. Não sabemos quando ela vai florescer carregando com ela aquilo que chamamos de real. Mas sabemos que vai. E quando ela floresce dentro do corpo que amamos, o que é lógico, rotineiro, deixa de fazer sentido. (…) Isso é mais plausível para quem perde seu amor do que a enormidade do que acontece dentro de um corpo que é referência espacial na geografia cotidiana, de um corpo que às vezes é a própria casa, a única que queremos habitar.

Trabalho com o tema da morte há alguns anos e percebo que para muitos que perdem – e se começa a perder ao abrir o exame e descobrir que há uma flor de lótus em alguma parte irremovível ou com galhos longos demais – torna-se difícil viver num mundo em que os objetos são inanimados e as enguias só são vistas em filmes da National Geographic ou em pratos de restaurante japonês caro. Há um surrealismo no mundo que foi transtornado pelo advento da flor, mas que o nega, comportando-se, junto com todos os outros que por ele andam, como se não estivesse para sempre corrompido pela morte.

Quem descobre a flor de lótus no corpo de quem ama espera a cada manhã por um sinal de que o mundo de fora vai espelhar o de dentro. De que ao entrar no elevador do prédio não haverá um vizinho com seu cachorro, mas um elefante cor-de-rosa. Confrontada com a lucidez da condição humana, só é possível encontrar lógica em elefantes cor-de-rosa. Na padaria, na fila do pão, a expectativa dessa mulher é de que a moça tenha cauda de peixe, como uma sereia em terra firme, e o pãozinho francês pisque para ela da prateleira com pestanas tão longas quanto as de uma lhama. Em vez disso, nada acontece. A moça do pão é fria, quase ríspida. Ela então gagueja. Não sabe mais se pede os dois pãezinhos de sempre, porque ele gosta de pão novo, ou se pede três, por causa da flor, agora que a relação deles se tornou um triângulo. Pede dois, porque sabe que o mundo só aceitará o pedido de dois, mas sabe que está errado. E sabe que está errado porque o que não sabe é como fará quando tiver de se arrastar até a padaria para pedir um pãozinho só. Há décadas essa mulher não sabe como é pedir um pão só.

Conheci um homem que tinha medo da flor dentro do pulmão da sua mulher. Ele não imaginava o que havia lá como uma flor, mas vou chamar assim aqui. Ele nunca pôde dizer o que era ou que forma tinha. Mas quando se deitava na cama com ela à noite, escutava a respiração da coisa ou da flor. E não podia dormir. Esgueirava-se para fora da cama e passava o restante da noite assistindo a filmes na TV da sala. Perto do amanhecer ele voltava, e talvez ela só fingisse não perceber. Ele a abraçava, como fazia havia mais de 20 anos, mas não sabia a quem pertencia o coração que batia no peito dela. Numa dessas quase manhãs em que tinha seguido esse ritual agora rotineiro, dormiu e sonhou que acordava. Abria os olhos e não havia mais ela. Só a flor ao seu lado na cama – ou o que ele não ousava representar.

Volto para casa depois de assistir à Espuma dos Dias e sinto um medo irracional das flores que me rodeiam. Olho desconfiada para as orquídeas que há anos são a moldura da minha janela e que me ficam às costas enquanto escrevo. Quando a flor de lótus desabrochar em mim ou no meu amor, não digam que enlouqueci quando eu afirmar que há enguias nas torneiras ou hipopótamos voando junto com os aviões de carreira. Não há nada mais surreal do que o amor e a morte.


psicologia clínica

segunda-feira, 26 de agosto de 2013

Acto Falhado ou Falho


Acto em que o resultado explicitamente visado não é atingido, antes se acha substituído por outro. Fala-se de actos falhados não para designar o conjunto das falhas da palavra, da memória e da acção, mas para os comportamentos em que o indivíduo é habitualmente capaz de obter êxito, e cujo fracasso é tentado a atribuir apenas à sua falta de atenção ou ao acaso.

Freud demonstrou que os actos falhados eram, tal como os sintomas, formações de compromisso entre a intenção consciente do indivíduo e o recalcado.


Vocabulário da Psicanálise – J. Laplanche & J.B. Pontalis

psicologia clínica

Rentrée



terça-feira, 23 de julho de 2013

Dependência sexual

Antes de mais, importa recordar que os adictos ao sexo são aqueles que praticam mais sexo do que nós - a norma.

Os doutos nos comportamentos dos outros não sabem o que fazer com a questão da adicção ao sexo (sexual addiction). Na DSM-IV estava consagrada como Hypersexuality, e na recente publicação do DSM-V passou a ser uma condição que precisa de mais investigação! Num recente estudo conduzido por Nicole Prause (UCLA), os resultados indicam que a dependência sexual não deve ser considerada uma doença.

O que na verdade nos deve preocupar é o sofrimento que estas pessoas possam apresentar e, não é garantido que todos o tenham. Há naturalmente que fazer uma distinção entre comportamentos sexuais desviantes, perversos e impulsos libidinais. Por eles estarem muita vezes entrelaçados é preciso compreender o que é o quê.

A psiquiatria e a psicologia vieram de certa forma substituir a religião no que diz respeito ao que é certo e errado, retirando-lhe, só parcialmente, a questão moral/culpa tão presente na religião. A sociedade encontra sempre uma forma de ordenar e controlar o comportamento humano…. E se há coisa que mexe com as profundezas dos reprimidos é o desejo sexual. Que o diga Freud.

De tudo isto, resulta em muitas pessoas, sentimentos de culpa e de vergonha e é essa a minha preocupação, ajudar o sujeito a desembaraçar-se da culpa que pode atingir e contaminar a sexualidade, que se quer satisfatória na quantidade que a cada um convier.



Psicoterapia