terça-feira, 26 de junho de 2012

Um grande mal-entendido


Onde havia sentimentos hoje há sintomas. Onde havia infelicidade hoje há depressão. Onde havia uma reacção “normal” (egossintónica) hoje há patologia. Ao abolir-se a reacção “normal” perante vivências inevitáveis da nossa vida, como por exemplo, a tristeza pela morte de alguém, transformando-a em sintoma, estamos a amputar a experiência humana e a enriquecer as estatísticas. O ser humano, cada vez mais alfanumérico e menos ser/humano, trilha caminhos que o conduzirão à loucura, quando, paradoxalmente, foge dela. A coragem, humilde e primária da procura, deu lugar à arrogância do pseudo-conhecimento. Este falso conhecimento assente em construções delirantes sobre o próprio e sobre o outro, mais não é que uma autofagia. Distorcendo a realidade, somos isto e somos aquilo, até deixarmos, simplesmente, de ser.







quarta-feira, 20 de junho de 2012

Furto Infantil


O furto infantil consiste na apropriação de objectos por parte da criança que simbolicamente representam uma compensação, na sua essência inconsciente, de uma frustração afectiva.
O objecto que a criança furta, independentemente do valor material, tem valor simbólico e não utilitário, na medida em que ele não é usado para resolver nenhum problema prático.
Muitas vezes, o produto do furto é distribuído pelo grupo de amigos, ganhando dessa forma a sua admiração, na procura de preencher uma lacuna afectiva.
Quando a criança possui uma maior consciência do valor material dos objectos o furto de uma coisa valiosa não lhe retira valor simbólico, pois a criança sente que tem algo valioso e desejado pelo outro, sentindo-se assim, especial.
Em alguns casos, a criança procura “repor a justiça”: “Se eles têm tantos brinquedos porque eu não posso ficar com um?”
É importante que a atitude dos pais perante a situação não corresponda a um interrogatório policial transformando um acto simbólico num traço patológico.
As apropriações de pequenos objectos não têm nas crianças um carácter patológico significativo, mas à medida que a criança cresce a continuação destes actos merece uma certa atenção. Estamos, provavelmente,  perante uma criança em sofrimento que pode andar triste ou deprimida.