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quinta-feira, 3 de outubro de 2013

Como escolher um Psicólogo

O artigo do J. Shedler Some Advice on Choosing a Therapist faz-me recordar algo que se passou comigo. Certo dia um amigo procurou-me porque após o falecimento de um familiar entrou em grande sofrimento, que acabou por despertar outros problemas. Estava decidido a procurar um psicólogo mas era um mundo estranho para ele, e de facto, para todos aqueles que não convivem de perto com estas questões. Nessa altura tentei responder às inquietações que o atormentavam em relação às psicoterapias mas também em relação ao que ele estava a sentir. Ainda que superficiais, as minhas considerações sobre o processo terapêutico foram apreendidas, como acabei por verificar mais tarde.

Fiquei, então, de lhe dar um contacto que entretanto se prolongou demais.

Um dia, após ter consultado um psicólogo liga-me um pouco assustado; a experiência que tinha tido nessa manhã em nada correspondia com o que eu lhe descrevera. Somente abordei aspectos genéricos, pois cada terapia é única, na medida em que também o somos. E, foi exactamente aí, no mais crítico dos aspectos que ele tomou consciência que algo estava errado. Quando o psicólogo lhe fez uma descrição de como a terapia iria decorrer, teve ainda a gentileza de acrescentar algum terror: sofrimento garantido, ao qual, após iniciar a terapia não poderia fugir. Alguns psicoterapeutas têm uma forma bastante perversa de agarrar os pacientes – "você está em fuga". Qual é o paciente que se arrisca a pôr em causa um expert?

Consta que depois de iniciar a sua terapia com outro terapeuta a vida do meu amigo seguiu em frente, e eu fico sempre contente quando isso acontece.


Psicoterapia

quarta-feira, 6 de fevereiro de 2013

Diálogos, monólogos e solilóquios


Às vezes, por muito que um pai queira acabar com o sofrimento de um filho, isso não é possível. O mais que consegue é sofrer com ele. Não, não é uma lamechice, é a puta da realidade.


posts relacionados: A descoberta do vazio e a criação do sentido

Psicoterapia

sábado, 4 de agosto de 2012

Quanto se pouparia em sofrimento?


Segundo um estudo publicado esta semana na revista Biological Psychiatry muito dinheiro poderia ser poupado se perante os primeiros sintomas de patologia mental fosse feita uma intervenção. Sabe-se há muito que a prevenção e a intervenção precoce limitam a progressão de quadros psicopatológicos que se podem tornar mais complexos e morosos de ser tratados. Naturalmente, o impacto socioeconómico resultante do retardar da intervenção também se fará sentir. O ângulo pelo qual se olha para a questão desvia-se do essencial, ao centrar a sua preocupação no dinheiro que se pode poupar ao invés do sofrimento que se poderia poupar.  Se tivermos que chegar ao local certo pelo caminho errado, que seja, mas nunca esquecendo que invertendo as prioridades, ou seja, pôr o dinheiro à frente, terá custos incalculáveis. 


"Não fazer prevenção da doença mental em idade escolar ou tratar crianças e jovens quando apresentam os primeiros sintomas de doenças psiquiátricas como depressão, ansiedade ou fobias pode significar a longo prazo, para um país como Portugal, uma redução de 1,4% no rendimento disponível bruto das famílias. Parece uma variação pequena, mas tendo em conta os dados de 2012 para este indicador, trata-se de uma perda anual de 1,6 mil milhões de euros." Continuar a ler aqui


Psicoterapia

Um entusiasta!





psicologia clínica

quarta-feira, 4 de julho de 2012

Valorização pessoal (isento de iva)




Psicólogo Clínico

O que é uma psicoterapia? A minha ou a sua?


Quando o meu amigo Tristan Walker (incansável a colaborar no site) me pediu para escrever sobre psicoterapia, fiz uma busca na internet e verifiquei que quase todos os sites/blogues dizem coisas parecidas de maneiras diferentes. Ao ler senti que aqueles textos pouco dizem sobre um processo/experiência/relação intensa e profunda como é uma psicoterapia. Tratam-se de descrições com detalhes herméticos e ao mesmo tempo, vazias no essencial, dando a entender que as pessoas são todas iguais e que se devem encaixar num modelo psicoterapêutico em vez de ser a psicoterapia a ajustar-se à pessoa, no seu sofrimento pessoal, na sua singularidade, naquilo que tem de único.

Uma psicoterapia é uma experiência emocional vivida. Como tal, ela não pode, na verdade, ser traduzida, transcrita, explicada, compreendida ou contada em palavras. Ela é o que é. Qualquer esforço para a descrever ficará sempre aquém da experiência. Compreendo que as pessoas procurem saber algo de concreto, algo que as ajude a criar uma ideia sobre a dita Psicoterapia e com a ajuda dessas descrições, efectivamente a construam. No entanto, podem ler-se vários livros sobre cães mas se o leitor não tiver experienciado um cão vivo, não vai saber o que é um cão.

Tenho para mim que uma psicoterapia que promova a mudança/crescimento psicológico, ou seja, a expansão da capacidade de experimentar todo o espectro de sentimentos que podem ir da alegria à tristeza mais profunda e até ao colapso psicológico, necessita assentar em valores. Não se trata, neste caso, de valores morais ou éticos, mas valores psicoterapêuticos – respeito, verdade, responsabilidade – dos quais não se deve abrir mão.

Recentemente fui procurado por uma pessoa interessada em iniciar uma psicoterapia.

“ …contínuo a pensar que não me pode ajudar, e o Dr. deve estar a perguntar, se eu acho que não me pode ajudar porque estou aqui? Nos últimos anos tenho coleccionado garantias e promessas de resolução dos meus problemas. Quando lhe perguntei, na primeira consulta, se me podia ajudar você respondeu que não sabia, que não podia responder com a certeza de que me podia ajudar. Para quem está farto de mentiras a sua sinceridade, ainda que não tenha sido música para os meus ouvidos, foi importante para mim.”

Neste caso, a opção foi, parar e pensar. Parece-me importante que o tenha feito, interrompendo a roda-viva de saltar de consultório em consultório, à procura de uma bela melodia para os seus ouvidos. Talvez se tenha aberto para o paciente uma frincha na janela do “não saber”. O terapeuta deve ser capaz de tolerar e de ajudar o paciente a lidar com o “não saber”. O “não saber” é uma pré-condição para ser capaz de pensar, de imaginar. A imaginação, ao contrário da fantasia, que é rígida e repetitiva, mantém aberta uma multiplicidade de possibilidades de experimentação emocional.

Terapeuta e paciente devem estar empenhados no esforço de encarar a verdade, de serem honestos consigo mesmos em face da experiência emocional perturbadora. Este esforço está no âmago do processo terapêutico e dá-lhe uma direcção. Não se trata de uma busca da verdade mas do que é verdadeiro em relação ao que está acontecer no processo terapêutico, criando assim, um contexto humano no qual o paciente possa ser capaz de viver a sua experiência emocional passada e presente. Ao ajudar o paciente a enfrentar a verdade da sua experiência emocional o terapeuta deve respeitar as formas que este encontrou para manter a sua sanidade. A velocidade e o ritmo dos esforços para encarar a verdade da sua experiência emocional devem ser determinados pelo próprio paciente.

O respeito que o terapeuta deve ter para com o paciente e pelo sofrimento que ele e aqueles que lhe são próximos vivem, não só honra a dignidade humana como tem um significado terapêutico. Se as nossas intervenções não forem humanas eles não têm significado terapêutico e nessa medida não promovem a elaboração psicológica. A responsabilidade do terapeuta não é para com a psicoterapia/as teorias, mas para ajudar o paciente a realizar o trabalho psicológico que ele precisa a fim de poder viver de maneira diferente.

 
Aspectos gerais sobre Psicoterapia:

A Psicoterapia é um método de tratamento que se traduz na aplicação dos conhecimentos da Psicologia e da Psicopatologia. Trata-se de um instrumento valioso para lidar com as várias formas que o sofrimento humano pode assumir.

O tratamento psicoterapêutico ocupa actualmente um lugar importante na área da saúde ao propiciar uma visão integrada do homem, considerando as dimensões, orgânica, psíquica e social.

Mais de um século de pesquisas e desenvolvimento permitem que as Psicoterapias alcancem actualmente resultados significativos e efectivos, em relação a outras opções terapêuticas (Shedler, 2010).

No geral, os prazos de tratamento dependem dos objectivos e da gravidade do problema. Há terapias focadas em objectivos específicos que conseguem atingir resultados significativos em períodos inferiores a um ano. Há casos que obrigam a um trabalho psicoterapêutico mais demorado, dependendo problemática Estas psicoterapias podem necessitar de anos de trabalho contínuo, compensados por mudanças significativas.

Apesar de poder ser considerado, à primeira vista, um tratamento oneroso em termos de tempo e dinheiro, a psicoterapia tem-se mostrado, efectivamente, uma forma económica de tratamento. Pesquisas recentes mostram, por exemplo, que a psicoterapia diminui os índices de consumo de medicamentos e de internamentos hospitalares (Gabbard et al., 1997). É também considerada uma opção economicamente compensadora, por prevenir e eliminar problemas psicológicos que, quando não resolvidos adequadamente, levam a enormes prejuízos para as pessoas (Gabbard, 2001).

 
 
Psicoterapia