terça-feira, 16 de abril de 2013

Abstinência, neutralidade ou insensibilidade?


“A insensibilidade do analista (maneira afectada de cumprimentar, exigência formal de “contar tudo”, a atenção dita flutuante que, afinal não o é e certamente não é apropriada para as comunicações dos analisandos, impregnadas que estão de sentimentos e frequentemente trazidas com grande dificuldades) tem por efeito: (1) o paciente sente-se ofendido pela falta ou pela insuficiência de interesse; (2) como ele não quer pensar mal de nós, nem nos considerar desfavoravelmente, procura a causa dessa não-reacção nele mesmo, ou seja, na qualidade daquilo que nos comunicou; (3) finalmente, duvida da realidade do conteúdo que antes estava tão próximo do sentimento.”

Entre os inúmeros exemplos sobre aspectos técnicos subjacentes à prática clínica, a escolha do primeiro parágrafo do Diário Clínico de Sándor Ferenczi (7 de Janeiro de 1932) prende-se com o facto de se tratar de um dos primeiros testemunhos sobre a “obrigatoriedade” de dar ao espaço terapêutico autenticidade. Como refere Kupermann “A noção de sensibilidade, oriunda do campo da estética, é empregue por Ferenczi no seu sentido rigoroso como a capacidade de afetar e de ser afetado pelo outro, e não no sentido coloquial, que poderia remeter-nos às ideias de plácida benevolência ou de compreensão ilimitada e passiva etc., que foram apressadamente associadas a sua figura. A insensibilidade ou a hipocrisia é, assim, a principal figura do álibi passível de ser empregue pelos analistas para escapar das duras consequências do acto analítico.”

Voltarei a este tema…. Sem dúvida!


Psicoterapia

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