segunda-feira, 27 de agosto de 2012

Stand-up Psychology


Um pouco por todo o lado proliferam “terapias” que vão ao encontro das necessidades dos dias de hoje: soluções rápidas - fast -, de preferência imediatas. Soluções milagrosas, heregemente apoiadas por uma pseudociência, que se resume a estatísticas, cujo método se equipara aos estudos de mercado. Não é nada de novo, inovador, trata-se de velhas fórmulas adaptadas aos nossos dias; fruta em garrafinhas em vez de uma peça de fruta para descascar ou comer com casca.

Em substituição de fórmulas ultrapassadas aparece em forma de Stand-up Psychology (direccionada para as massas), acompanhada de bestsellers com títulos a condizer – Lições de sedução; Não quero crescer; Benvinda dor; Histórias de divã e encontros (O lado B do amor) – um ramo da já conhecida Psicologia Positiva.

E resulta? Se resulta!!!

A felicidade, a sempre desejada, seja através de iogurtes ou cremes faciais continua a vender como se não houvesse amanhã. Mas a forma mais tentadora de ser apresentada é: Faça você mesmoestá nas suas mãos -. Só mesmo os muito preguiçosos desperdiçarão a oportunidade de mudarem a vida com as suas próprias mãos e retirarem os louros desse passo grandioso.

Nada se consegue sem trabalho, por isso também deve ser dado mérito aos empreendedores da Stand-up Psychology. 1º - Humanos como todos os outros falam dos seus problemas, que são iguais aos de toda a gente. 2º - Como os resolvem ou resolveram. 3º Vejam como nós, simples humanos como vocês, estamos de bem com a vida.

Os méritos não terminam aqui. O mérito principal – a razão do sucesso - é o de apresentar uma resposta, uma direcção. Certa ou errada, parece que tanto faz. As pessoas precisam de respostas. Não as encontram sozinhas e esperam que as ajudem a encontrar. Isto deve levar os psicólogos a reflectir.

Roma e Pavia não se fizeram num dia.

É preciso ter em conta, que muitas vezes não há resposta imediata, e, tão importante como não ter resposta é considerar porque não se consegue encontrá-la. Todos deveríamos ser capazes de ter solução para tudo? Não, infelizmente ou felizmente, não há solução para tudo. Mas se a falta de resposta significa ficar paralisado então é preciso ajudar a desbloquear.

Numa altura em que os relacionamentos têm um carácter faceboquiano, vulgo, superficial, muitas das possibilidades de resposta perderam-se algures. A procura afectiva da resposta é sempre a melhor e sem dúvida a que obtém melhores resultados. É no entrelaçado afectivo que se gera a confiança interna, indutora e catalisadora do pensamento criativo perante as dificuldades.

Mas não será tudo isso demasiado superficial? Sim, mas não é obrigatório que todas as pessoas estejam interessadas em grandes aprofundamentos. A escolha deve ser livre mas informada. O facto de ser superficial não significa que não seja suficiente para alguns. Perante uma casa que necessita ser recuperada há pelo menos duas possibilidades. Uma reabilitação profunda (reconstrução) ou uns retoques superficiais na pintura. É uma opção que vai depender de dinheiro, tempo e disponibilidade mental. Quem optar pelos retoques não pode esperar o mesmo que aquele que se decidiu pela reconstrução; as pinturas não duram muito tempo mas deixam as casas mais bonitas e em alguns casos habitáveis, e isso não é de somenos importância.

Jamais deve confundir-se uma mudança superficial com uma aparente mudança. E nestes casos parece tratar-se de algo simplesmente aparente. Temas como: porque as mulheres têm o passatempo uterino de arranjar homens idiotas, podem ser divertidos e provocar grandes gargalhadas mas jamais levará alguém a compreender as suas escolhas afectivas.

 As pessoas estão cheias de “nadas”, proposta ilusória do tudo. Tudo é possível. Não. Não é tudo possível, alcançável e concretizável. É preciso dizê-lo.




Psicoterapia

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