A
Psicanálise Relacional começa a tomar a sua forma actual durante os anos
oitenta do século passado, especialmente nos EUA, quando um grupo de autores
(Mitchell, Aron, Stolorow, Benjamin Bromberg) procura integrar a tradição relacional
(Sullivan, Murray, Kohut) com a teoria britânica das relações de objeto
(Balint, Fairbairn, Winnicott).
Trata-se
de uma psicanálise anti-cartesiana porque propõe que o mundo seja entendido,
principalmente, como uma constelação de relacionamentos que permitem a
construção do ser humano individual. A mente não nasce com o indivíduo mas desenvolve-se
na interação humana com o meio ambiente. A criança não é apenas um produto do
meio ambiente, mas interage com ele, com a sua espontaneidade e inclinações.
Para
a teoria freudiana, o ser humano é motivado por impulsos sexuais e agressivos, inata
e biologicamente determinados. Para a nova abordagem, no entanto, a principal
motivação é a busca de relações com os outros.
As
relações iniciais com os cuidadores primários moldam o nosso comportamento, a auto-imagem
e a forma de satisfazer os nossos desejos e necessidades, assim, não podem ser separadas do contexto
relacional. Os padrões iniciais de relacionamento tendem a ser reproduzidos
posteriormente na interação relacional com os novos companheiros de relação.
Uma
das características marcantes da psicanálise relacional está no peso dado à
interpretação, ou seja, esta não é considerada o factor terapêutico fundamental.
A presença empática do terapeuta, o acompanhamento, o apoio (Winnicott - holding),
são factores, no mínimo, tão importantes, como aquilo que em concreto se possa interpretar/dizer
ao paciente.
Outro
importante factor é redução da assimetria entre o terapeuta e o paciente, ou
seja, o terapeuta não se situa numa cúpula de onde emite o seu oráculo, que o
paciente deve ouvir com humildade e submissão. Aqui, o paciente nem sempre está
errado quando mostra a sua discordância com algo que o terapeuta disse ou fez.
Traduzido e adaptado daqui
Posts relacionados: Psicanálise e Psicoterapia Relacional - continuação
Psicoterapia
Sem comentários:
Enviar um comentário