terça-feira, 31 de dezembro de 2013
terça-feira, 24 de dezembro de 2013
terça-feira, 17 de dezembro de 2013
Serotonina e Dopamina
Nós podíamos ser apenas Serotoninas e Dopaminas mas não era
a mesma coisa!
Aqui ficam alguns links que teimosamente contrariam certas
teses
psicologia clínica
segunda-feira, 16 de dezembro de 2013
Os textos que eu não escrevi # 4
O
Mal do Século
Tem-se
afirmado, repetidamente, que a depressão é o mal do século. No entanto,
acredito que valha a pena questionar a afirmação. Não é que se possa negar o
grande contingente dos ditos deprimidos, que vai desde a baixa de humor, a
apatia, o desânimo e o pessimismo, até os conteúdos nostálgicos e tristes, que
emprestam colorido acinzentado à vida. Nem tampouco pode-se ocultar o fato do
aumento de prevalência da doença depressiva em suas multifacetadas
apresentações. É verdade que a depressão tem sido responsável por muitos
estragos em muitas vidas e bolsos ? que o confirmem os receituários recheados
de Prozac ou as farmácias naturais que preparam as fórmulas dos famigerados
Florais de Bach. Para não falar das depressões mascaradas, constantes presenças
nas salas de espera dos médicos de todas as especialidades, e responsáveis por
tantos tratamentos e exames desnecessários e até cirurgias inúteis.
Além
disso, a depressão é parceira certa nas mesas dos bares de cada esquina ou
clube da terceira idade, onde pseudo soluções propõem um inacessível e
constante bem viver, ou nas noites insones dos freqüentadores das salas de bate
papo virtual. É inevitável que o pessimismo e a frustração não sejam respostas
aos desafios incessantes do progresso, às necessidades permanentes do mercado,
à competição profissional e social desenfreadas. A sensação de incapacidade,
incompetência para estar sempre em dia, e a percepção da impotência em
consegui-lo, tornam-se a cada dia mais insuportáveis. Em função disso,
paralisados, muitos são incapazes de reagir.
Mas,
talvez, um outro tipo de mal merecesse, quem sabe, a nossa reflexão! Um mal que
sorrateiramente se insinua e dissemina no seio das sociedades. Quase
imperceptível, sublinear e camuflado. Sim, camuflado, pois quando se fala em
perversão, atribui-se-lhe logo o conceito de maldade ou aberração. Mas apesar
do mesmo adjetivo ser usado para designar o mau (perverso) e aquele portador de
estrutura psíquica perversa (perverso), a perversão enquanto estrutura psíquica
não pode ser confundida com a crueldade ou a anormalidade.
Nos
séculos passados, a psiquiatria considerava que “neuróticos eram os indivíduos
que sofriam”, psicóticos “os que sofriam e faziam os outros sofrerem”, e
psicopatas “os que não sofriam mas, impunham sofrimento aos outros” Os tênues
limites entre os que cometem atos de crueldade e, os ditos normais, acabaram
por determinar a alteração da nomenclatura e da etiologia, originando-se assim
a denominação de sociopatas para marcar o desempenho dos fatores sociais.
A
Psiquiatria Forense descreveu, com riqueza de detalhes, os vários tipos de
perversão, dando-lhes nomes complicados e curiosos. Kraft-Ebing escreveu um
tratado clássico, em dois volumes, sobre o tema. Mas foi o Marquês de Sade quem
relacionou de forma inequívoca, a prática das perversões às sensações de prazer
e à excitação sexual. De modo despudorado e constrangedor, o Marquês que
termina os dias na prisão, escrevendo com sangue suas memórias, pois o papel
lhe foi negado, incita e desafia todo ser humano a provar que, nas condições
mais inesperadas, é possível ocorrerem aos mais probos e puros, os sentimentos
mais abjetos, as emoções mais torpes e bizarras.
São
essas mesmas emoções contraditórias e absurdas, surgidas às vezes da
experiência do sofrimento físico e dor presumíveis, que traduzem,
inexplicavelmente, um prazer quase total que intriga a lógica e confunde a
razão. Freud, ratificando Sade, declarou em Três ensaios sobre a
sexualidade infantil, que: “a neurose é o negativo da perversão”, querendo com
isso asseverar que os conflitos neuróticos calcaram-se nos mesmos íntimos
impulsos que se liberaram, incondicionalmente, e sem controle, buscaram a
realização como atos perversos.
O
que de mais incrível ocorre, é que os mesmos impulsos inconscientes que
determinam desejos tresloucados e, por vezes, cruéis, habitam o psiquismo, até
dos mais aparentemente normais. A Psicanálise contribuiu decisivamente para a
compreensão dos fenômenos perversos ao relacioná-los com a sexualidade. Os
complicados avatares da sexualidade humana, no cumprimento do seu trajeto desde
os primórdios da fase oral, passando pelas atribulações da fase anal, quando o
ser humano vai, pela primeira vez, defrontar-se com a negação e a repressão,
irá, se tudo correr bem, culminar, finalmente, na primazia genital.
Essa
primazia não exclui, porém, a permanência de traços perversos, resquícios
eternos no psiquismo humano, da evolução da sexualidade. Sua presença
evidencia-se nas preliminares dos atos amorosos introduzida por contatos dos
lábios nos beijos, carícias em diversas partes do corpo, todas elas límpidas
representantes das etapas prévias da sexualidade genital, aceitas como normais.
Não sem motivo, Freud referiu-se às crianças que, até então, eram, e por vezes,
até hoje, ainda são consideradas símbolos de pureza, como “polimorfos
perversos”.
As
descobertas freudianas foram tão rejeitadas, no seu tempo por escandalizarem o
mundo, ao mostrar o ser humano em toda a sua nudez. A loucura, evidenciou Freud
está muito mais próxima da normalidade do que se poderia supor. Aliás, muito
antes de Freud, Kaplan já teria assinalado que “a diferença entre o psicótico e
o normal, é que ‘o psicótico faz o tempo inteiro’, o que o normal só faz de vez
em quando”. Bem, assim, só se poderia falar de perversão sexual, quando o
orgasmo só fosse alcançado mediante a realização de um ato, dito perverso, como
por exemplo, a substituição do ato sexual por uma carícia prévia ou o uso de
fetiche para obter orgasmo.
O
homem, até então, dono e senhor dos seus atos e pensamentos viu-se, de repente,
assujeitado ao sabor da vontade e incoerências do inconsciente, refém de forças
desconhecidas e desconexas, que não obedecem ao tempo nem à lógica, não
conhecem limites nem contradições. Seria assim a perversão algo tão estranho ao
ser humano? Seria justo atribuir a causas externas algumas das mais condenáveis
atitudes dos seres humanos?
É
na própria Psicanálise que encontraremos, ainda, mais respostas a perguntas
como essas, quando mais tarde, Jacques Lacan retoma o estudo da perversão sob a
ótica do desejo e da castração. Lacan revê a questão, considerando a atitude da
criança, perturbada pela idéia da castração e a impossibilidade de admiti-la.
Desse modo, a criança trata de desmenti-la e, para tal, desmente a castração
materna, ocultando-a com uma espécie de véu. O objeto do desejo do perverso é,
então, um fetiche, algo que recobre o desejo, mas, ao mesmo tempo, deixa
perceber, com a tentativa de obturá-lo, a impossibilidade de recobri-lo.
Uma
das maiores características do perverso, contudo, como destaca Joel Dör, é a
sua necessidade de transgressão. Sua relação com a lei é sempre de
transgressão. Ele precisa transgredi-la, para comprovar que ela existe. Mas
para tal, precisa desvalorizá-la, desmerecê-la, e a primeira lei que transgride
é a lei do pai.
A
criança ao nascer estabelece uma relação diádica com a mãe, considerando-se
parte dela, algo que a completa, assim, a mãe é inteira, e ela (criança), seu
falo. Por isso, o bebê considera que a mãe não é castrada e nem tampouco ele o
é. Nessa relação em que os dois se completam, vai haver a interferência de um
terceiro – o pai – que rompe a relação, interpondo a lei entre o filho e a mãe.
Ao sentir que o olhar da mãe se volta para o pai, é que o bebê vai perceber que
a mãe não é completa e que ele não a completa. Essa é a primeira noção de falta
e de castração, introduzida pelo pai que também introduz a lei, interdita o
incesto, mas abre caminho para o desejo, pois permite ao filho dirigir-se a
outras mulheres nas quais buscará o objeto de desejo.
Essa
figura paterna empalidecida na sociedade atual, falha em exercer sua função,
favorecendo a transgressão da lei, ou melhor, permitindo que o sujeito se
insurja a obediência às leis. A excessiva permissividade patriarcal se incumbe
de favorecer, com a cumplicidade, às vezes omissa, o resto da oportunidade de
transgressão. Sua maneira transgressora de ser, é a marca da relação social do
perverso. Suas transgressões, além de constantes, demandam ainda um terceiro
que as confirme e referende. Esse olhar de um outro sobre a transgressão,
proporciona ao perverso uma satisfação especial e única.
Mas
o mundo tem assistido através dos séculos várias condutas bizarras e malvadas,
que só se explicariam do ponto de vista da consciência e da razão, pelo prazer
perverso do sadismo ou pela vingança mórbida. Assim, viram os romanos, as
atrocidades brutais e a desregrada atuação da sexualidade de Calígula, como
vivenciamos, nós brasileiros, muitos séculos depois, as barbáries da
escravidão, do mesmo modo que testemunharam atônitos os romanos, a sua Roma
querida arder, enquanto Nero se comprazia com o espetáculo da dança das
labaredas e os gritos desesperados da população, do mesmo modo, mais tarde, os
infelizes iraquianos sofreram e testemunharam as torturas e mutilações de Sadam
Hussein. Para não falar da cumplicidade da Igreja no holocausto, como da sua
participação ativa nos tristes episódios da Inquisição na Idade Média.
O
novo homem do século XXI que transpôs o espaço sideral e rompeu a barreira do
som, comunica-se, em segundos, com o mundo inteiro via Internet ou telefones
celulares, enviando mensagens e imagens como lhe aprouver, interage nas tvs a
cabo e acompanha guerras, ao vivo, com imagens de alta precisão. Dispõe de
veículos possantes e armas fantásticas. Consegue por meio de drogas, orgasmos
duradouros e estados de excitação crescente. Vive uma sexualidade desreprimida
e solta, cuja permissividade e promiscuidade lhe permitem quase todos os
possíveis prazeres e emoções das mais esdrúxulas.
Casas
noturnas para sexo grupal são anunciadas escancaradamente e as trocas de casais
encaradas com naturalidade. As relações sexuais são realizadas alternadamente,
ou até concomitantemente, com parceiros de sexos diferentes, alegando-se o
direito inequívoco do gozo da bissexualidade, que nada mais é, que a tentativa
de não submeter-se à lei da sexuação, ou seja, não ter de optar por nenhum dos
sexos e valer-se do uso dos dois.
O
que seria interditado a esse homem? O que lhe falta? Que precisa procurar,
ainda, para ser feliz e completo? É o desmentido da sua condição de ser
faltante e incompleto que obstrui a possibilidade do desejo enquanto
determinante da condição humana, razão de ser do sujeito, mola propulsora que o
mantém singular na comunidade dos humanos. Esse ser que não se indaga mais, não
tem por que lutar, não precisa desejar e não se frustra nunca, é um arremedo de
sujeito. E porque não sofre, não tem como buscar solução. Porque não conhece a falta,
não tem porque questionar o desejo. Não precisa de buscar sua individualidade
porque a massificação é suficiente.
O
homem moderno sente-se dono e senhor do mundo e desafia as leis. É assim nos
atos terroristas da Palestina ou nos ataques alegados, como vingança, de
Israel. Os atentados de 11 de setembro ou as guerras do Afeganistão ou do
Iraque, desrespeitando as leis do Conselho da ONU e os apelos de todo o mundo
contra a batalha, ou mais perto de nós, os traficantes que metralham escolas e
ruas, hotéis e até palácios de governo após avisos por telefone dos atos que
iriam perpetrar. Ou ainda, as atitudes dos corruptos que indiferentes às leis,
quando se trata de dinheiro público, manipulam-no a seu bel prazer em proveito
próprio. Ou, então, as escusas ações que visam fraudar provas ou documentos
para ingressar em faculdades, disputar vagas para empregos, e nomeações de
parentes e amigos para ocupar cargos bem remunerados do governo.
O
Brasil de hoje é o paraíso da perversão que descontrolado e sem rumo, arrasta a
nação para um caos social inimaginável. Crianças e adolescentes envolvem-se em
brigas violentas e, às vezes até, se tornam homicidas. Alunos ameaçam e matam
diretores e professores. Jovens de classe média alta queimam vivos mendigos e
índios para se divertir em tediosa noitada de fim de semana. Ao mesmo tempo, no
resto do mundo, jovens armados invadem escolas para assassinar colegas.
Metralham-se pessoas desconhecidas em supermercados e restaurantes e chega-se
ao extremo de adaptar um automóvel para permitir atirar de dentro dele, sem ser
visto, com a finalidade de matar a esmo com esconderijo garantido. É o
inconsciente sem peias e sem pudores (o que não tem governo nem nunca terá)
numa liberação geral.
A
perversão é essa terra de ninguém, espaço controverso, fronteira da psicose e
limite da estrutura neurótica. Estreita passagem que marca em cada ser humano,
seus traços na fantasia, seus rasgos na criação. A perversão é uma “père
version”, disse Lacan certa vez, versão que introduz algo novo, o fetiche que
privilegia, o olhar que configura o desmentido e que incita à transgressão.
Versão que vem de verso, do que está por trás e não é visto, mas é, como se
pudesse sê-lo, porque suposto. Que é também verso-frase-poema, criação, e como
tal, possibilidade de transgressão licença poética.
O
poeta é um eterno transgressor por ser capaz de ver aquém e além, de escandir
palavras, desmentindo-as no que têem de mais fixo, a forma. Perverter é Ver
para TER? No momento em que, a versão patriarcal não mais se sustenta, porém, a
perversão surge como via de saída, mas ao mesmo tempo, encurrala o homem em sua
própria angústia. A angústia de se saber dono e senhor absoluto do nada que
pretende alcançar e controlar, mas que lhe escapa, impreterivelmente, sem lhe
deixar a sensação de novas possibilidades.
Marli
Piva Monteiro
terça-feira, 26 de novembro de 2013
Como ser completamente miserável!
How to be succed at self-sabotage
Most of us claim we want to be happy—to have meaningful lives, enjoy ourselves, experience fulfillment, and share love and friendship with other people and maybe other species, like dogs, cats, birds, and whatnot. Strangely enough, however, some people act as if they just want to be miserable, and they succeed remarkably at inviting misery into their lives, even though they get little apparent benefit from it, since being miserable doesn’t help them find lovers and friends, get better jobs, make more money, or go on more interesting vacations. Why do they do this?
O drama da intergeracionalidade
“A sua mãe ama-o com uma
ternura até aí desconhecida. A princípio tem dificuldades em voltar a deitá-lo
depois de o alimentar, especialmente porque, nessas alturas, ele se põe a
chorar tão desesperadamente. MAS ELA ESTÁ CONVENCIDA DE TER QUE O FAZER PORQUE
A SUA MÃE LHE DISSE (E ELA DEVE MESMO SABÊ-LO) que o filho seria mimado e daria
problemas mais tarde se ela fosse condescendente agora… Ela hesita. O seu
coração sente-se atraído pelo filho, mas ela resiste e continua afastar-se.
Ainda agora mudou-lhe as fraldas e deu-lhe de comer. Por isso tem a certeza de
que, na realidade, NADA lhe falta; e deixa-o a chorar até se cansar”
Jean Liedloff
The Continnum Concept
posts relacionados: Modernices ; No colo aprendi a amar ; O grande especialista em crianças é a mãe
sábado, 9 de novembro de 2013
Psicanálise e Doença Psicossomática na Era Hipermoderna
Pablo Casso
O mundo contemporâneo trouxe ao profissional psicanalista
uma gama de sintomas que inquietam o inconsciente do ser humano. Na proposta de
um entendimento do comportamento social e das doenças atuais, torna-se essencial
conhecer a “hipermodernidade”, termo usado para representar o mundo contemporâneo.
De acordo com Gilles Lipovetsky (1), entramos em uma época em que o fenômeno grupal se caracteriza pela flexibilidade e velocidade de informações. Assim, onde muitos enxergam manipulação e conformismo, pode-se encontrar satisfação, e um jogo de estetização que desenvolve o comportamento consumista do indivíduo.
Na Era Hipermoderna está evidente que o ser humano vive na estética corporal, nas fantasias individuais. Este comportamento contemporâneo, baseado na obtenção de prazeres e desejos é uma das maneiras de identificar as carências do homem hipermoderno, que possui uma mente desequilibrada pelos conflitos de um sistema em constante transformação, o que influencia sua saúde mental e corporal.(2)
Os vínculos da Era Hipermoderna são mais frágeis e efêmeros, pois tudo se
baseia no breve prazer, na vontade de saciar os desejos internos. (3) O
indivíduo contemporâneo, privado de tempo, da duração exigida pelos sentimentos,
poderia experimentar outra coisa além de sensações? (4)
terça-feira, 5 de novembro de 2013
Silêncio, a arte de conversar
arte do chá
ainda ontem
convidei um amigo
para ficar em silêncio
comigo
ele veio
meio a esmo
praticamente não disse nada
e ficou por isso mesmo
Paulo Leminski
(Poema publicado em Distraídos venceremos, em 1987)
sábado, 2 de novembro de 2013
Transbordo
"Eu poderia
chorar de coisas assim:
Corre um rio de minha boca, corre um rio de minhas mãos.
Dos meus olhos corre um rio.
Na verdade sofro de excessos, que me dão certo vocabulário
Como derramar, escorrer, atravessar.
Tenho a impressão de que tudo vaza em sobras.
Tenho dificuldade em caber.
Pra caber mais, derramo por nada, derramo sem motivo.
Vou acalmar meu excesso pensei (...)
Palavras são estacas fincadas ao chão.
Pedras onde piso nessa imensa correnteza que atravesso."
Corre um rio de minha boca, corre um rio de minhas mãos.
Dos meus olhos corre um rio.
Na verdade sofro de excessos, que me dão certo vocabulário
Como derramar, escorrer, atravessar.
Tenho a impressão de que tudo vaza em sobras.
Tenho dificuldade em caber.
Pra caber mais, derramo por nada, derramo sem motivo.
Vou acalmar meu excesso pensei (...)
Palavras são estacas fincadas ao chão.
Pedras onde piso nessa imensa correnteza que atravesso."
Viviane
Mose
sexta-feira, 1 de novembro de 2013
quinta-feira, 31 de outubro de 2013
Padrão Relacional das Escolhas Afectivas
Em relação à compulsão à repetição, Freud referiu que se trata de uma forma de não pensarmos, de não recordarmos as experiências dolorosas.
Muitas das “escolhas afectivas” que fazemos permitem repetir as nossas relações traumáticas sem termos que lidar os seus aspectos traumáticos. Na repetição há uma negação dos aspectos negativos.
Não deve, portanto, considerar-se uma coincidência, a “escolha” de parceiros diferentes para “relações idênticas”.
Logo, os aspectos negativos da relação anterior reaparecem nas novas relações.
Normalmente, esta compulsão à repetição não é consciente e, portanto, é necessário que seja explorada num cenário psicoterapêutico. Se assim não for, ao invés de compreender o fenómeno, repete-se a necessidade de escapar ao contacto com a experiência dolorosa.
Somente a elaboração da experiência passada permite, verdadeiramente, alterar o padrão relacional.
domingo, 20 de outubro de 2013
Psicoterapia - O sintoma como trampolim para o devaneio
Thomas Ogden descreve a psicoterapia
e / ou a psicanálise como uma oportunidade para o devaneio. Ele cita R.M. Rilke, 1904
“I hold this to be the highest task of two people;
that each should stand guard over the solitude of the other.”
Ogden recorda-nos que não
só temos partes sexuais do corpo que são privadas, como também temos processos
mentais privados, que podem ser compartilhados, ou não, como assim entendermos.
A concepção da psicoterapia como promotora do devaneio e da presença de um
mundo interno privado, contrasta com uma das regras fundamentais de Freud de
que devemos instruir os nossos pacientes a dizerem-nos o que está na sua mente.
Pelo contrário, refere Ogden,
nós temos que ajudar os nossos pacientes a expandir os seus devaneios e, em
seguida, escolher o que desejam compartilhar connosco. Ogden vê essa regra de
Freud como contra-terapêutica, pois o nosso objectivo como terapeutas é incentivar
e orientar em vez de ditar o que deve ser feito. Pacientes deprimidos,
ansiosos, obsessivos e histéricos não conseguem ter devaneios, porque os
sintomas sequestraram o seu cérebro de tal forma que eles estão restringidos no
que "escolher" para poder ser pensado.
Aqui, a escolha da palavra
implica uma escolha inconsciente, onde, por razões misteriosas, o cérebro do
paciente está em shut-down e, como
tal, estão limitados na capacidade de aceder ao seu próprio cérebro. É
como se tivessem uma casa muito grande, mas todos os quartos estão
fechados, e o paciente tem medo de encontrar a chave, pois ele teme o que vai
encontrar, de modo que circunscreve-se a um pequeno quarto, onde sabe o lugar
de tudo.
Para Ogden, que ao
conseguirem a chave os pacientes vêem a exploração da casa, do cérebro, como um
devaneio, como uma fonte de mais pensamento, ao invés de um lugar que temem, seja tão doloroso que possam ficar presos na dor. A ironia aqui é
que os pacientes estão presos, mas temem avançar, pois podem ficar presos
de uma forma diferente e a mudança é assustadora.
O conceito de devaneio está
associado a um espaço de interesse, de curiosidade e de livre flutuação de
ideias, em vez de dor e sofrimento. Ser curioso é pensar, enquanto sentir a dor
é o estreitamento, é ser autocentrado. Orientar os pacientes para a curiosidade,
longe do seu foco no sintoma, é o coração da psicoterapia. Outros tipos de
psicoterapia trabalham ao contrário, concentram-se nos sintomas e desencorajam
a curiosidade. Pode dizer-se que eles se complementam e os pacientes podem
beneficiar de ambos. Ogden refere, que seria tentado a concordar, mas o
alívio a longo prazo vem do pensar sobre o pensar e de desafiar os nossos
pacientes a questionar o que os sintomas significam para eles, de forma a usar
o sintoma como um trampolim para devaneio.
posts relacionados: O Sintoma
sexta-feira, 18 de outubro de 2013
Modernices
Não tenho em boa conta os Experts em crianças. Eles que me
desculpem, não se trata de nada pessoal, mas os estragos que têm produzido são consideráveis
e proporcionais às “teorias” que desenvolvem. A forma como surgem, se disseminam
e se fixam certas crenças culturais de como cuidar das crianças, quase sem
questionamento, também é uma questão interessante.
A parentalidade é uma das tarefas
mais difíceis e intensas que é colocada ao ser humano, não só pelas exigências,
principalmente, emocionais, mas também porque remexe com as nossas próprias
experiências de termos sido cuidados pelos nossos pais.
Entre as formas de lidar com medos,
inseguranças e até algum desespero, inerentes à parentalidade, está o aferrar a
certas crenças colhidas aqui e acolá. Naturalmente, os pais fazem aquilo que
consideram ser melhor para os filhos, e fazem-no na convicção de que está “correcto”.
Gostam dos filhos e procuram dar-lhes o melhor que podem e sabem.
O instinto natural de cuidar
quando bloqueado pelas dúvidas abre espaço para a crença e não faltará quem,
com a maior das generosidades, venha dizer como se faz. Então, a mãe, a
verdadeira especialista, deixa uma via aberta para a crença e a expertise de que alguns se fazem donos.
Como refere Darcia Narvaez, em “Modern parenting may hinder braindevelopment, research shows”, certas práticas tornaram-se comuns na nossa
cultura. Entre as mais habituais estão o fechar as crianças nos quartos e o
retardar a resposta a um bebé agitado, inquieto que reclama por cuidados, para
que não fique estragado com mimos.
A amamentação, a resposta
pronta ao choro, o contacto corporal constante são, segundo Narvaez, práticas parentais
ancestrais que, como se conclui das investigações, contribuem para o
desenvolvimento cerebral, para a formação da personalidade e a saúde em geral,
mas que fruto de “práticas modernas” foram esquecidas, caíram em desuso e como
corolário disso surgiu uma epidemia de doenças mentais nas crianças: distúrbio hiperactivo
com défice de atenção, depressão, ansiedade, etc.
As crianças são diferentes umas
das outras, e o que funciona para uma pode não ser o melhor para outra. O “segredo”
está na capacidade de a cada momento procurar compreender o que a criança nos
quer dizer com um choro, com uma birra ou com ataque de fúria. Pais e filhos
criam o seu próprio dialeto e é nessa aprendizagem sem dicionário que se
inscreve, com rasuras e erros de interpretação, o texto, que lido e relido e
tantas vezes reescrito, que vulgarmente chamamos vida.
quinta-feira, 17 de outubro de 2013
Complexo de Édipo # 3
posts relacionados: Complexo de Édipo - Uma introdução ; Complexo de Édipo ; Complexo de Édipo # 2
psicologia clínica
psicologia clínica
quinta-feira, 3 de outubro de 2013
Como escolher um Psicólogo
O artigo do J. Shedler Some Advice on Choosing a Therapist faz-me
recordar algo que se passou comigo. Certo dia um amigo procurou-me porque após
o falecimento de um familiar entrou em grande sofrimento, que acabou por despertar outros problemas. Estava decidido a procurar um psicólogo mas era um
mundo estranho para ele, e de facto, para todos aqueles que não convivem de
perto com estas questões. Nessa altura tentei responder às inquietações que o
atormentavam em relação às psicoterapias mas também em relação ao que ele estava a
sentir. Ainda que superficiais, as minhas considerações sobre o processo terapêutico
foram apreendidas, como acabei por verificar mais tarde.
Fiquei, então, de lhe dar um
contacto que entretanto se prolongou demais.
Um dia, após ter consultado um
psicólogo liga-me um pouco assustado; a experiência que tinha tido nessa manhã
em nada correspondia com o que eu lhe descrevera. Somente abordei aspectos
genéricos, pois cada terapia é única, na medida em que também o somos. E, foi exactamente
aí, no mais crítico dos aspectos que ele tomou consciência que algo estava
errado. Quando o psicólogo lhe fez uma descrição de como a terapia iria decorrer, teve ainda a gentileza de acrescentar algum terror: sofrimento garantido, ao qual, após iniciar a terapia não poderia fugir.
Alguns psicoterapeutas têm uma forma bastante perversa de agarrar os
pacientes – "você está em fuga". Qual é o paciente que se arrisca a pôr em causa
um expert?
Consta que depois de iniciar a
sua terapia com outro terapeuta a vida do meu amigo seguiu em frente, e eu fico sempre contente
quando isso acontece.
quinta-feira, 26 de setembro de 2013
A Raiva escapou para as redes sociais
Todos sabemos, procuramos esconder mas ela escapa pelas frinchas e, ainda bem. A Raiva. As emoções positivas mantêm-se em alta, e são no essencial o discurso da auto-ajuda. Não questiono as boas intenções que podem estar por trás da auto-ajuda e do apelo às emoções positivas e à pregação do bem, mas o resultado não pode ser bom. Porquê? Porque os sentimentos negativos fazem parte de nós, constituem-nos.
A psicanálise, naturalmente, mal-amada,
foi em parte responsável por dar a conhecer ao mundo as profundezas do ser humano.
Um dos maiores contributos da psicanálise foi o seu maior pecado, desvelar-nos.
Mas talvez o maior de todos, tenha sido o de “autorizar-nos” a sentir tudo o
que há de malévolo: raiva, inveja, ciúme.
Para evitar riscos de explosão
devido à repressão dos sentimentos negativos, a mente arranja válvulas de
escape e, parece que as redes sociais estão a desempenhar bem esse papel.
Então a psicanálise abriu a
porta do jardim zoológico e entrámos num vale tudo?! Há uma diferença entre
agir os sentimentos hostis e senti-los, reconhece-los em nós, sem muita da culpa
que normalmente se faz presente. Se eu puder reconhecer as coisas em mim posso
senti-las e transformá-las, ao invés de as colocar no mundo externo e agir
sobre ele, como acontece em muitos tiroteios.
Psicoterapia
terça-feira, 24 de setembro de 2013
Nostalgia
A ideia de que a nostalgia é um
sentimento negativo é generalizada e a estreita relação entre nostalgia e depressão
não é de hoje: “O deprimido é aquele que vive do/no passado”.
A nostalgia foi originalmente
descrita como uma "doença neurológica de causa essencialmente
demoníaca" pelo médico Suíço Johannes Hoffer em 1688. A nostalgia foi
considerada uma doença desde o século XVII devido aos sintomas encontrados em
soldados pelos médicos militares: desejo de regressar a casa, acompanhado de
dor. Nostalgia: Nostos – desejo de
voltar para casa; Algos – a dor que o
acompanha.
No século XIX e XX a nostalgia
continuou a ser considerada uma patologia, sendo exemplo disso a “psicose
emigrante” ou certas formas de “melancolia”.
Quando o Dr. Sedikides, TimWildschut e outros colegas de Southampton começaram a suas investigações sobre
a nostalgia descobriram que se tratava de um sentimento praticamente universal,
encontrado inclusive em crianças a partir dos 7 anos. Os temas em volta dos quais
a nostalgia se desenvolve eram muito semelhantes: reminiscências sobre amigos e
familiares, casamentos, músicas, pôr-do-sol. Em síntese, acontecimentos em que
o protagonista está rodeado de figuras importantes em momentos significativos. A
maioria dos sujeitos relata que esses pensamentos surgiam quando algo de mau
acontecia ou quando se sentiam sozinhos e que essas memórias contribuíam para
que se sentissem melhor.
A
nostalgia demonstrou neutralizar a solidão, o tédio e a ansiedade, tornando as
pessoas mais generosas e tolerantes com estranhos. Mas, não-há-bela-sem-senão.
A nostalgia tem o seu lado doloroso, é um sentimento agridoce, pois nem todas
as memórias são felizes. Mas, no geral, como
referem os pesquisadores de Southampton, os elementos positivos superam muito
os elementos negativos e o efeito final traduz-se numa vida com maior
significado.
Segundo o Dr. Routledge "A
nostalgia tem uma função existencial crucial", ela traz à mente as
experiências queridas que nos asseguram que somos pessoas de valor e que temos
vidas significativas”.
As
memórias, principalmente as boas, mas também as más, são o nosso maior património. Por que não começar a dar-lhes mais uso?!
segunda-feira, 2 de setembro de 2013
Ruído de Passos
Tinha
oitenta e um anos de idade. Chamava-se dona Cândida Raposo.
Essa
senhora tinha a vertigem de viver. A vertigem se acentuava quando ia passar
dias numa fazenda: a altitude, o verde das árvores, a chuva, tudo isso a
piorava.
Quando
ouvia Liszt se arrepiava toda. Fora linda na juventude. E tinha vertigem quando
cheirava profundamente uma rosa.
Pois
foi com dona Cândida Raposo que o desejo de prazer não passava.
Teve
enfim a grande coragem de ir a um ginecologista. E perguntou-lhe envergonhada,
de cabeça baixa:
—
Quando é que passa?
—
Passa o quê, minha senhora?
—
A coisa.
—
Que coisa?
—
A coisa, repetiu. O desejo de prazer, disse enfim.
—
Minha senhora, lamento lhe dizer que não passa nunca.
Olhou-o
espantada.
—
Mas eu tenho oitenta e um anos de idade!
—
Não importa, minha senhora. É até morrer.
—
Mas isso é o inferno!
—
É a vida, senhora Raposo.
A
vida era isso, então? essa falta de vergonha?
—
E o que é que eu faço? ninguém me quer mais… O médico olhou-a com piedade.
—
Não há remédio, minha senhora.
—
E se eu pagasse?
—
Não ia adiantar de nada. A senhora tem que se lembrar que tem oitenta e um anos
de idade.
—
E… e se eu me arranjasse sozinha? o senhor entende o que eu quero dizer?
—
É, disse o médico. Pode ser um remédio.
Então
saiu do consultório. A filha esperava-a em baixo, de carro. Um filho Cândida
Raposo perdera na guerra, era um pracinha. Tinha essa intolerável dor no coração:
a de sobreviver a um ser adorado.
Nessa
mesma noite deu um jeito e solitária satisfez-se. Mudos fogos de artifícios.
Depois chorou. Tinha vergonha. Daí em diante usaria o mesmo processo.
Sempre
triste. É a vida, senhora Raposo, é a vida. Até a bênção da morte.
A
morte.
Pareceu-lhe
ouvir ruído de passos. Os passos de seu marido Antenor Raposo.
Clarice Lispector. A via
crucis do corpo. Rio de Janeiro: Rocco, 1998
terça-feira, 27 de agosto de 2013
Os textos que eu não escrevi # 3
Quando começamos
a perder quem amamos, só elefantes cor-de-rosa fazem sentido
Em
que momento uma flor de lótus começa a nascer dentro de quem amamos? De nós?
Desde sempre, talvez seja a resposta mais correta. Não sabemos quando ela vai
florescer carregando com ela aquilo que chamamos de real. Mas sabemos que vai.
E quando ela floresce dentro do corpo que amamos, o que é lógico, rotineiro,
deixa de fazer sentido. (…) Isso é mais plausível para quem perde seu amor do
que a enormidade do que acontece dentro de um corpo que é referência espacial
na geografia cotidiana, de um corpo que às vezes é a própria casa, a única que
queremos habitar.
Trabalho
com o tema da morte há alguns anos e percebo que para muitos que perdem – e se
começa a perder ao abrir o exame e descobrir que há uma flor de lótus em alguma
parte irremovível ou com galhos longos demais – torna-se difícil viver num
mundo em que os objetos são inanimados e as enguias só são vistas em filmes da
National Geographic ou em pratos de restaurante japonês caro. Há um surrealismo
no mundo que foi transtornado pelo advento da flor, mas que o nega, comportando-se,
junto com todos os outros que por ele andam, como se não estivesse para sempre
corrompido pela morte.
Quem descobre a flor de lótus no corpo de quem ama espera a cada manhã por um sinal de que o mundo de fora vai espelhar o de dentro. De que ao entrar no elevador do prédio não haverá um vizinho com seu cachorro, mas um elefante cor-de-rosa. Confrontada com a lucidez da condição humana, só é possível encontrar lógica em elefantes cor-de-rosa. Na padaria, na fila do pão, a expectativa dessa mulher é de que a moça tenha cauda de peixe, como uma sereia em terra firme, e o pãozinho francês pisque para ela da prateleira com pestanas tão longas quanto as de uma lhama. Em vez disso, nada acontece. A moça do pão é fria, quase ríspida. Ela então gagueja. Não sabe mais se pede os dois pãezinhos de sempre, porque ele gosta de pão novo, ou se pede três, por causa da flor, agora que a relação deles se tornou um triângulo. Pede dois, porque sabe que o mundo só aceitará o pedido de dois, mas sabe que está errado. E sabe que está errado porque o que não sabe é como fará quando tiver de se arrastar até a padaria para pedir um pãozinho só. Há décadas essa mulher não sabe como é pedir um pão só.
Conheci
um homem que tinha medo da flor dentro do pulmão da sua mulher. Ele não
imaginava o que havia lá como uma flor, mas vou chamar assim aqui. Ele nunca
pôde dizer o que era ou que forma tinha. Mas quando se deitava na cama com ela
à noite, escutava a respiração da coisa ou da flor. E não podia dormir.
Esgueirava-se para fora da cama e passava o restante da noite assistindo a
filmes na TV da sala. Perto do amanhecer ele voltava, e talvez ela só fingisse
não perceber. Ele a abraçava, como fazia havia mais de 20 anos, mas não sabia a
quem pertencia o coração que batia no peito dela. Numa dessas quase manhãs em
que tinha seguido esse ritual agora rotineiro, dormiu e sonhou que acordava.
Abria os olhos e não havia mais ela. Só a flor ao seu lado na cama – ou o que
ele não ousava representar.
Volto
para casa depois de assistir à Espuma dos Dias e sinto um medo
irracional das flores que me rodeiam. Olho desconfiada para as orquídeas que há
anos são a moldura da minha janela e que me ficam às costas enquanto escrevo.
Quando a flor de lótus desabrochar em mim ou no meu amor, não digam que
enlouqueci quando eu afirmar que há enguias nas torneiras ou hipopótamos voando
junto com os aviões de carreira. Não há nada mais surreal do que o amor e a
morte.
posts relacionados: Os textos que eu não escrevi; Os textos que eu não escrevi # 2
segunda-feira, 26 de agosto de 2013
Acto Falhado ou Falho
Acto em que o resultado
explicitamente visado não é atingido, antes se acha substituído por outro.
Fala-se de actos falhados não para designar o conjunto das falhas da palavra,
da memória e da acção, mas para os comportamentos em que o indivíduo é
habitualmente capaz de obter êxito, e cujo fracasso é tentado a atribuir apenas
à sua falta de atenção ou ao acaso.
Freud demonstrou que os actos falhados
eram, tal como os sintomas, formações de compromisso entre a intenção consciente
do indivíduo e o recalcado.
Vocabulário da Psicanálise – J.
Laplanche & J.B. Pontalis
domingo, 4 de agosto de 2013
terça-feira, 23 de julho de 2013
Dependência sexual
Antes de mais, importa recordar
que os adictos ao sexo são aqueles que praticam mais sexo do que nós - a norma.
Os doutos nos comportamentos
dos outros não sabem o que fazer com a questão da adicção ao sexo (sexual addiction). Na DSM-IV estava
consagrada como Hypersexuality, e na recente
publicação do DSM-V passou a ser uma condição que precisa de mais investigação!
Num recente estudo conduzido por Nicole Prause (UCLA), os resultados indicam
que a dependência sexual não deve ser considerada uma doença.
O que na verdade nos deve
preocupar é o sofrimento que estas pessoas possam apresentar e, não é garantido
que todos o tenham. Há naturalmente que fazer uma distinção entre
comportamentos sexuais desviantes, perversos e impulsos libidinais. Por eles
estarem muita vezes entrelaçados é preciso compreender o que é o quê.
A psiquiatria e a psicologia
vieram de certa forma substituir a religião no que diz respeito ao que é certo
e errado, retirando-lhe, só parcialmente, a questão moral/culpa tão presente na
religião. A sociedade encontra sempre uma forma de ordenar e controlar o
comportamento humano…. E se há coisa que mexe com as profundezas dos reprimidos
é o desejo sexual. Que o diga Freud.
De tudo isto, resulta em muitas
pessoas, sentimentos de culpa e de vergonha e é essa a minha preocupação,
ajudar o sujeito a desembaraçar-se da culpa que pode atingir e contaminar a
sexualidade, que se quer satisfatória na quantidade que a cada um convier.
Subscrever:
Mensagens (Atom)