O artigo do J. Shedler Some Advice on Choosing a Therapist faz-me
recordar algo que se passou comigo. Certo dia um amigo procurou-me porque após
o falecimento de um familiar entrou em grande sofrimento, que acabou por despertar outros problemas. Estava decidido a procurar um psicólogo mas era um
mundo estranho para ele, e de facto, para todos aqueles que não convivem de
perto com estas questões. Nessa altura tentei responder às inquietações que o
atormentavam em relação às psicoterapias mas também em relação ao que ele estava a
sentir. Ainda que superficiais, as minhas considerações sobre o processo terapêutico
foram apreendidas, como acabei por verificar mais tarde.
Fiquei, então, de lhe dar um
contacto que entretanto se prolongou demais.
Um dia, após ter consultado um
psicólogo liga-me um pouco assustado; a experiência que tinha tido nessa manhã
em nada correspondia com o que eu lhe descrevera. Somente abordei aspectos
genéricos, pois cada terapia é única, na medida em que também o somos. E, foi exactamente
aí, no mais crítico dos aspectos que ele tomou consciência que algo estava
errado. Quando o psicólogo lhe fez uma descrição de como a terapia iria decorrer, teve ainda a gentileza de acrescentar algum terror: sofrimento garantido, ao qual, após iniciar a terapia não poderia fugir.
Alguns psicoterapeutas têm uma forma bastante perversa de agarrar os
pacientes – "você está em fuga". Qual é o paciente que se arrisca a pôr em causa
um expert?
Consta que depois de iniciar a
sua terapia com outro terapeuta a vida do meu amigo seguiu em frente, e eu fico sempre contente
quando isso acontece.
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