A ideia de que a nostalgia é um
sentimento negativo é generalizada e a estreita relação entre nostalgia e depressão
não é de hoje: “O deprimido é aquele que vive do/no passado”.
A nostalgia foi originalmente
descrita como uma "doença neurológica de causa essencialmente
demoníaca" pelo médico Suíço Johannes Hoffer em 1688. A nostalgia foi
considerada uma doença desde o século XVII devido aos sintomas encontrados em
soldados pelos médicos militares: desejo de regressar a casa, acompanhado de
dor. Nostalgia: Nostos – desejo de
voltar para casa; Algos – a dor que o
acompanha.
No século XIX e XX a nostalgia
continuou a ser considerada uma patologia, sendo exemplo disso a “psicose
emigrante” ou certas formas de “melancolia”.
Quando o Dr. Sedikides, TimWildschut e outros colegas de Southampton começaram a suas investigações sobre
a nostalgia descobriram que se tratava de um sentimento praticamente universal,
encontrado inclusive em crianças a partir dos 7 anos. Os temas em volta dos quais
a nostalgia se desenvolve eram muito semelhantes: reminiscências sobre amigos e
familiares, casamentos, músicas, pôr-do-sol. Em síntese, acontecimentos em que
o protagonista está rodeado de figuras importantes em momentos significativos. A
maioria dos sujeitos relata que esses pensamentos surgiam quando algo de mau
acontecia ou quando se sentiam sozinhos e que essas memórias contribuíam para
que se sentissem melhor.
A
nostalgia demonstrou neutralizar a solidão, o tédio e a ansiedade, tornando as
pessoas mais generosas e tolerantes com estranhos. Mas, não-há-bela-sem-senão.
A nostalgia tem o seu lado doloroso, é um sentimento agridoce, pois nem todas
as memórias são felizes. Mas, no geral, como
referem os pesquisadores de Southampton, os elementos positivos superam muito
os elementos negativos e o efeito final traduz-se numa vida com maior
significado.
Segundo o Dr. Routledge "A
nostalgia tem uma função existencial crucial", ela traz à mente as
experiências queridas que nos asseguram que somos pessoas de valor e que temos
vidas significativas”.
As
memórias, principalmente as boas, mas também as más, são o nosso maior património. Por que não começar a dar-lhes mais uso?!
Sem comentários:
Enviar um comentário