É frequente ouvir-se falar do
receio de ficar dependente do terapeuta. A questão é mais complexa do que à partida
se pode supor e, para além do mais, está intimamente relacionada com a história
de cada um. No entanto, costumo dizer, que uma boa dependência é essencial para
obter a independência. É exactamente a boa dependência (matriz de uma boa
relação afectiva pais/filhos), ao invés da dependência tóxica (má relação/incapacitante)
que permite rumar à autonomia. O ser humano é frágil, e é-o, ainda mais, quando
nasce e está completamente dependente dos pais/cuidadores. É exactamente a
partir daqui, desta dependência inicial, que se começa a traçar o caminho para
a autonomia. Mas, infelizmente, nem sempre tudo corre bem. Muitas vezes, mesmo
correndo mal inicialmente, a capacidade de resiliência da criança associada à
maior disponibilidade emocional dos pais permite superar falhas iniciais.
Noutros casos assiste-se a tentativas desesperadas/dramáticas de procura de
autonomia por todas as formas possíveis e imaginárias que, infelizmente estão
destinadas ao fracasso, pois nenhuma destas tentativas dá um significado
emocional/suprime/corrige/transforma a vivência de uma má relação de dependência.
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