Se a
psiquiatria clássica, de forma geral, esteve às voltas com fenômenos psíquicos
não codificáveis em termos do funcionamento orgânico, guardando espaço à
dimensão enigmática da subjetividade, a psiquiatria contemporânea promove uma
naturalização do fenômeno humano e uma subordinação do sujeito à bioquímica
cerebral, somente regulável por uso de remédios. Há aí uma inversão não pouco
assustadora, pois na lógica atual de construção diagnóstica, o remédio
participa da nomeação do transtorno. Visto que não há mais uma etiologia
(estudo das causas da doença) e uma historicidade a serem consideradas, pois a
verdade do sintoma/transtorno está no funcionamento bioquímico, e os efeitos da
medicação dão validade a um ou outro diagnóstico.
Renata Guarido
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