Um pouco por todo o lado proliferam “terapias” que vão ao
encontro das necessidades dos dias de hoje: soluções rápidas - fast -, de preferência imediatas.
Soluções milagrosas, heregemente apoiadas por uma pseudociência, que se resume
a estatísticas, cujo método se equipara aos estudos de mercado. Não é nada de
novo, inovador, trata-se de velhas fórmulas adaptadas aos nossos dias; fruta em
garrafinhas em vez de uma peça de fruta para descascar ou comer com casca.
Em substituição de fórmulas ultrapassadas aparece em forma de Stand-up Psychology (direccionada para as massas), acompanhada
de bestsellers com títulos a condizer – Lições
de sedução; Não quero crescer; Benvinda dor; Histórias de divã e encontros (O
lado B do amor) – um ramo da já conhecida Psicologia Positiva.
E resulta? Se resulta!!!
A felicidade, a sempre desejada, seja através de iogurtes ou
cremes faciais continua a vender como se não houvesse amanhã. Mas a forma mais
tentadora de ser apresentada é: Faça você
mesmo – está nas suas mãos -. Só
mesmo os muito preguiçosos desperdiçarão a oportunidade de mudarem a vida com
as suas próprias mãos e retirarem os louros desse passo grandioso.
Nada se consegue sem trabalho, por isso também deve ser dado
mérito aos empreendedores da Stand-up Psychology. 1º - Humanos como todos os
outros falam dos seus problemas, que são iguais aos de toda a gente. 2º - Como
os resolvem ou resolveram. 3º Vejam como nós, simples humanos como vocês,
estamos de bem com a vida.
Os méritos não terminam aqui. O mérito principal – a razão do
sucesso - é o de apresentar uma resposta, uma direcção. Certa ou errada, parece
que tanto faz. As pessoas precisam de respostas. Não as encontram sozinhas e
esperam que as ajudem a encontrar. Isto deve levar os psicólogos a reflectir.
Roma e Pavia não se fizeram num dia.
É preciso ter em conta, que muitas vezes não há resposta
imediata, e, tão importante como não ter resposta é considerar porque não se
consegue encontrá-la. Todos deveríamos ser capazes de ter solução para tudo?
Não, infelizmente ou felizmente, não há solução para tudo. Mas se a falta de
resposta significa ficar paralisado então é preciso ajudar a desbloquear.
Numa altura em que os relacionamentos têm um carácter faceboquiano, vulgo, superficial, muitas
das possibilidades de resposta perderam-se algures. A procura afectiva da
resposta é sempre a melhor e sem dúvida a que obtém melhores resultados. É no
entrelaçado afectivo que se gera a confiança interna, indutora e catalisadora do
pensamento criativo perante as dificuldades.
Mas não será tudo isso demasiado superficial? Sim, mas não é obrigatório
que todas as pessoas estejam interessadas em grandes aprofundamentos. A escolha
deve ser livre mas informada. O facto de ser superficial não significa que não
seja suficiente para alguns. Perante uma casa que necessita ser recuperada há
pelo menos duas possibilidades. Uma reabilitação profunda (reconstrução) ou uns
retoques superficiais na pintura. É uma opção que vai depender de dinheiro,
tempo e disponibilidade mental. Quem optar pelos retoques não pode esperar o
mesmo que aquele que se decidiu pela reconstrução; as pinturas não duram muito
tempo mas deixam as casas mais bonitas e em alguns casos habitáveis, e isso não
é de somenos importância.
Jamais deve confundir-se uma mudança superficial com uma
aparente mudança. E nestes casos parece tratar-se de algo simplesmente
aparente. Temas como: porque as mulheres
têm o passatempo uterino de arranjar homens idiotas, podem ser divertidos e
provocar grandes gargalhadas mas jamais levará alguém a compreender as suas
escolhas afectivas.
As pessoas estão cheias
de “nadas”, proposta ilusória do tudo. Tudo é possível. Não. Não é tudo
possível, alcançável e concretizável. É preciso dizê-lo.
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