Este vídeo da Save the
Children anda a causar furor no mundo, no mundo «civilizado», que o outro
não tem YouTube. No YouTube, já conta com quase 20 milhões de visualizações. A
apresentação do filme está
aqui, dizendo-se que três anos de guerra civil na Síria já custaram a vida
a 11.000 crianças. Há um milhão de crianças refugiadas. Mas, por mais que a
estatística nos arrepie, este filme, que segundo me parece representa o que
seria o crescimento e o dia-a-dia de uma das «nossas» crianças se vivesse na
Síria, é o nos que causa mais incómodo e indignação. Como se, para nos
sentirmos sírios, necessitemos de ser figurados como «nós», ocidentais e
caucasianos, vivendo nas nossas cidades, nas nossas escolas, andando nas nossas
ruas e saltando por parques relvados. Talvez isto seja a prova de que perdemos
o sentido da alteridade, a capacidade de nos colocarmos por inteiro na posição
do outro – e que só através da representação dos outros como «nós» somos
capazes de nos comover e impressionar. O mundo é um lugar estranho.
Sem comentários:
Enviar um comentário