As
doenças mentais não são nem doenças, no sentido de um processo mórbido natural,
que se infiltra no cérebro dos indivíduos seguindo um curso inexorável e
previsível; nem mentais, no sentido de uma deformação da personalidade. As
doenças mentais, ou melhor, seus sintomas, realizam possibilidades universais
do sujeito, que se tornam coercitivamente particulares ou privativamente necessárias.
Em outras palavras, um sintoma é um fragmento de liberdade perdida, imposto a
si ou aos outros. Por isso há algo que concerne a todos, universalmente, em
cada uma das formas particulares de sofrimento. Assim, a normalidade é apenas
normopatia, ou seja, excesso de adaptação ao mundo tal como ele se apresenta e,
no fundo, um sintoma cuja tolerância ao sofrimento se mostra elevada.
Christian Ingo Lenz
Dunker – O real e a verdade do sofrimento
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