Os
amigos imaginários não se constituem como alucinações que a criança vê fora de
si, embora, em alguns casos, isso possa acontecer. As crianças acreditam na sua
existência real, procuram a sua companhia e conversam com eles. Estes amigos
imaginários ao auxiliarem a criança na elaboração de angústias e ansiedades têm
um papel importante na constituição do Eu. Estes também podem surgir quando a
criança experimenta uma perda real ou fantasiada. O amigo imaginário pode
desdobrar-se em múltiplas personagens que actuam num teatro interno. À medida
que o Eu da criança se estrutura e vai sendo capaz de fazer frente a conflitos e
aspectos contraditórios eles tendem a desaparecer. Em alguns casos (raros),
quando as condições para o seu desaparecimento não se verificaram eles
permanecem, tornando-se aspectos cindidos da personalidade.
Numa
fase em que as crianças têm poucos amigos reais, os imaginários desempenham um
papel importante na ampliação do mundo social da criança. Através dos vários
papeis que os amigos imaginários vão desempenhando a criança vai experimentando
sobre vários pontos de vista as relações humanas no mundo dos adultos. À medida
que se ampliam o número de amizades, os amigos imaginários vão-se tornando
menos interessantes até ficarem para trás. Isto não quer dizer que perante uma
dificuldade, uma desilusão, a criança não recorra esporadicamente a ele para
partilhar a tristeza, ou descarregar a raiva que está a sentir. Às vezes fazem
muita falta!
psicologia clínica
Uma das características que os adultos perdem, por oposição aos amigos imaginários das crianças, é a capacidade de não ver gente. No entanto, ou apesar disso, muitos - todos? - os adultos fantasiam, independentemente de não ser comum chamar-lhe "amigo imaginário". Mas as construções mentais prevalecem na idade adulta, e às vezes até se revelam um pouco esquizofrénicas, como se houvesse o "eu" real e o "eu" imaginado, reflectindo as vidas vivida e desejada.
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