Por
outro lado, o sintoma, por norma, apresenta-se como absurdo; o paciente não
consegue perceber a sua razão de ser nem de onde ele provém. Se soubesse,
provavelmente, não recorreria a um psicólogo. O sintoma é sentido como
absurdo porque encontra-se desconectado da restante vida mental. Perante a
impossibilidade de estabelecer essa conexão o sujeito desenvolve uma
teoria para dar sentido ao seu sintoma. Factos improváveis, mas plausíveis,
são usadas para explicar/justificar o sintoma.
Portanto,
numa psicoterapia, perante o sintoma, não deve ter-se a mesma atitude que a
medicina. O médico procura aliviar ou remover o sintoma que perturba a saúde do
paciente. Neste caso o paciente não é "sujeito do seu mal", mas "vítima". Do psicólogo espera-se que estabeleça as condições para que o paciente,
ao seu ritmo, possa criar novas conexões que lhe permitam uma compreensão mais profunda de si que, maioria das vezes, se traduz no desvanecer dos sintomas. O desaparecimento
do sintoma não é um objectivo em si, mas o corolário de um processo
extremamente complexo de subtis micro-transformações.